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Petrolíferas ignoram sanções e negoceiam com a Rússia

chavezcandanga / Flickr

Igor Sechin, presidente da petrolífera estatal russa Rosneft

Igor Sechin, presidente da petrolífera estatal russa Rosneft

A petrolífera BP assinou este domingo um acordo para a exploração de petróleo de xisto com a companhia estatal russa Rosneft, ignorando as sanções impostas pelos Estados Unidos contra Moscovo e contra o próprio presidente da empresa.

De acordo com o Financial Times, o contrato faz parte de um conjunto de acordos assinados em São Petersburgo, no final do Fórum Internacional Económico, pelo presidente da Rosneft, Igor Sechin, que teve um sorridente Vladimir Putin como testemunha.

O presidente da Rosneft, que enfrenta sanções decretadas em abril por fazer parte do ‘círculo próximo’ de Vladimir Putin, ridicularizou o impacto das sanções, dizendo que “agora já não parecem tão ameaçadoras”.

Os Estados Unidos tinham incentivado as companhias europeias a boicotar o Fórum, encarado como o equivalente russo à reunião de Davos, tendo conseguido que vários presidentes das principais petrolíferas europeias não tenham comparecido no encontro, mas outros, como os líderes da BP, Shell, Eni e Total, foram ao encontro, mostrando que as empresas ocidentais de energia querem continuar a fazer negócios com a Rússia.

O presidente da BP, que teve uma reunião à porta fechada com o presidente da Rússia, não assinou pessoalmente o contrato de 300 milhões de dólares com o presidente da Rosneft, mas reafirmou o compromisso para com o país, que é o maior accionista da Rosneft, empresa na qual a BP tem uma participação de 19,7%.

“Penso que é importante vir, ver e ouvir”, disse, acrescentando: “Temos uma responsabilidade para com os nossos parceiros nos tempos difíceis”.

Demonstração de força

O responsável afirmou que, pessoalmente, não teve qualquer contacto com o Governo dos Estados Unidos, mas outro presidente ouvido pelo Financial Times afirmou que Washington “pressionou-nos muito” sobre a comparência na reunião.

Numa demonstração de força, o presidente da Rosneft assinou mais de uma dúzia de contratos no último dia do Fórum, incluindo um contrato de vários anos para comprar petróleo e outros produtos da Venezuela, e um negócio para comprar “uma posição significativa” na North Atlntic Drilling, uma subsidiária da norueguesa SeaDrill.

O Kremlin tem tentado compensar o declínio dos poços de petróleo mais antigos avançando com novas tecnologias e para novas áreas remotas, com o Ártico ou o leste da Sibéria.

No discurso no sábado, Vladimir Putin desafiou os empresários petrolíferos a “irem para novas áreas, muitas vezes difíceis de aceder, ou aumentar a produção nos poços antigos… e desenvolver reservas que eram tradicionalmente consideradas economicamente menos eficientes ou difíceis de aceder”.

De acordo com a revista norte-americana Forbes, a Rosneft é a quinta maior empresa petrolífera do mundo, atrás da Saudi Aramco, da russa Gazprom, a Companhia Nacional do Petróleo do Irão e da ExxonMobil.

A Rússia é um dos três maiores produtores de petróleo no mundo, produzindo mais de 10 milhões de barris por dia, um pouco menos que os Estados Unidos e a Arábia Saudita, que lidera a lista com sensivelmente 12 milhões de barris diários.

/Lusa

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