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Às vezes, as pessoas ativas ganham mais peso (e já sabemos porquê)

Somos bombardeados constantemente com dois conselhos saudáveis: fazer mais exercício e comer menos. No entanto, esta combinação representa um problema óbvio, uma vez que ser mais ativo nos torna mais famintos.

Os nutricionistas sonham com o dia em que serão capazes de criar uma dieta para que as pessoas sejam mais ativas e, em simultâneo, não sintam fome durante o processo. No entanto, este objetivo é mais complicado do que parece, já que os cientistas estão ainda em busca do mecanismo que gere a energia que gastamos e como ela se traduz no nosso nível de apetite.

Num cenário ideal, o corpo humano teria a capacidade de detetar imediatamente as mudanças na quantidade de energia que usamos e, de seguida, dar-nos o apetite para comer a quantidade certa de alimentos de forma a equilibrar essa equação. Contudo, não é isto que acontece. Todos nós ficamos com fome duas ou três vezes por dia, independentemente da quantidade de exercício que façamos.

O efeito do aumento da atividade do ser humano continua a representar um verdadeiro mistério no que toca ao apetite. A maioria de nós queima diferentes quantidades de calorias em dias diferentes. Há dias em que somos mais ativos de que outros e até os que frequentam o ginásio têm dias de repouso.

Estudos anteriores não encontraram qualquer relação entre as variações de atividade e quantidade de comida que uma pessoa consome no dia em questão.

Segundo o Inverse, a maioria dos estudos concentrou-se em pessoas que praticavam exercícios aeróbicos. Neste caso, os cientistas descobriram que enquanto algumas pessoas altamente treinadas e magras tendem a comer a quantidade certa para compensar as calorias extras que queimam, as pessoas acima do peso são mais propensas a comer demais.

Mas qual o mistério por trás desta diferença? Os cientistas colocaram em cima da mesa uma hipótese: os processos fisiológicos podem ser diferentes nas pessoas que praticam mais exercício físico. Um exemplo prático é que os hormónios intestinais destas pessoas podem ser libertados em diferentes concentrações quando elas comem, potencialmente com relação à quantidade de comida que precisam.

Outros trabalhos de investigação concluíram que as pessoas com excesso de peso eram mais famintas e consumiam mais calorias do que as pessoas mais magras. Como as pessoas com excesso de peso têm uma taxa metabólica de repouso mais alta – taxa segundo a qual o corpo queima energia enquanto estão em repouso – os cientistas propuseram a existência de uma correlação entre a taxa e o tamanho das refeições.

O facto de as taxas metabólicas de repouso das pessoas serem estáveis, independentemente das flutuações no exercício físico diário, pode ajudar a explicar por que motivos os níveis de exercício geralmente não influenciam a quantidade de comida que ingerimos nesse mesmo dia.

Ainda assim, isto não implica necessariamente que a taxa metabólica de repouso determine a quantidade de alimentos que ingerimos. Por esta razão, os cientistas propuseram que a quantidade de massa muscular pode ditar a taxa metabólica de uma pessoa.

Se assim for, a taxa metabólica pode estar apenas a atuar como intermediária: direciona as informações sobre a composição corporal através de redes hipotalâmicas no cérebro, que se acredita ser o responsável pelo controlo do apetite. Ainda assim, serão precisas mais pesquisas futuras para provar esta tese.

Para examinar verdadeiramente o que acontece na vida real, o mais recente estudo, publicado no National Center for Biotechnology Information, analisa o que acontece com a ingestão de calorias nos dias em que as pessoas estão mais ativas sem fazer exercício deliberadamente – por exemplo, uma simples ida ao dentista.

A equipa, liderada Alex Johnstone, analisou 242 indivíduos (114 homens e 128 mulheres) e descobriu que a quantidade de atividade física influenciou a quantidade de comida que os participantes ingeriram. No entanto, descobriram também que as suas taxas metabólicas de repouso também influenciavam o seu apetite – por outras palavras, as pessoas com excesso de peso tendiam a comer mais.

Apesar de este estudo significar mais um passo em frente na investigação, existem muitas variáveis que não foram consideradas pelos cientistas.

“Eu duvido que um dia cheguemos ao ponto em que olhamos para uma pessoa e conseguimos dizer como funciona o seu organismo. O que podemos dizer, com base no nosso estudo, é que muitas pessoas são propensas a comer mais quando se tornam mais ativas”, rematou a cientista da Universidade de Aberdeen, na Escócia.

ZAP //

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