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Peritos alertam: a sua comida pode ter sido “pré-digerida”

Especialistas em nutrição estão a lançar alertas sobre a prevalência de alimentos ultraprocessados nas nossas dietas, confecionadas com um processo semelhante à “pré-digestão” — que torna estes alimentos menos saciantes e mais viciantes.

Segundo especialistas ouvidos numa reportagem da CNN, uma parte significativa dos alimentos à base de cereais ultraprocessados — do pão dos hambúrgueres e bases de pizza às batatas fritas e pudins — são fabricados de forma muito semelhante ao processo natural de uma ave a digerir parcialmente o alimento para as suas crias.

Este método envolve a decomposição das matérias-primas alimentares aos seus componentes moleculares e, em seguida, a recombinação destes componentes com aditivos como corantes alimentares, emulsionantes e sabores artificiais através de processamento industrial.

A Associação Europeia da Indústria de Amido aponta que o processo produz principalmente uma “papa de amido”, uma mistura de amido e água, que é depois usada para criar açúcares e derivados à base de amido através de hidrólise, imitando a digestão humana.

Segundo Chris van Tulleken, virologia e professor no University College London, esta técnica de fabrico produz uma “ilusão de comida”, que é economicamente mais viável para as empresas alimentares do que produzir alimentos reais e inteiros.

A facilidade com que estes alimentos pré-digeridos são depois consumidos contorna os processos digestivos normais, incluindo o “efeito de receptor de estiramento” do estômago, que sinaliza a saciedade — o que estimula o consumo de calorias excessivas antes de os sinais de saciedade serem ativados.

Estes alimentos, basicamente, contornam  os mecanismos naturais de feedback digestivo, contribuindo para o excesso de alimentação”, explica David Katz, especialista em medicina preventiva e fundador da ONG True Health Initiative.

Segundo estimativas de investigadores da Northeastern University, quase três quartos dos alimentos nos EUA são processados — dados que apontam para um preocupante consumo generalizado de alimentos pré-digeridos.

As implicações deste padrão dietético são profundas, com potenciais impactos na saúde pública, nutrição e na epidemia de obesidade, consideram os especialistas citados pela CNN.

ZAP //

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