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Peritos eram mais conservadores e deram 5 conselhos – que Costa ignorou no plano final

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Manuel Farinha / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa

O plano de desconfinamento teve como ponto de partida o aconselhamento científico de vários peritos, mas o Governo não abraçou todas as propostas sugeridas.

O primeiro conselho descartado pelo Governo está relacionado com a incidência ideal para desconfinar. Costa disse que é prudente avançar com a reabertura porque Portugal tem registado uma incidência abaixo daquela que os peritos “consensualizam como aceitável” – 240 casos por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas. Além disso, está abaixo dos 120 casos por 100 mil habitantes, que passou agora a ser a linha vermelha.

No entanto, segundo o Observador, o número apresentado por Óscar Felgueiras, matemático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), no Infarmed, é ainda mais baixo: 60 casos por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas.

Para o especialista, uma incidência de 240 casos já se encaixa no quinto nível de risco (o mais alto da sua avaliação) e 120 casos estariam ainda no nível 4.

Em relação às escolas, todos os especialistas concordaram com o regresso ao ensino presencial nos níveis de escolaridade mais baixos, mas nem todos deram luz verde ao regresso dos alunos do 1º ciclo já na segunda-feira.

O princípio de acelerar o regresso às aulas presenciais não segue “”rigorosamente” os conselhos dos cientistas, como o próprio primeiro-ministro admitiu. Na última reunião no Infarmed, Raquel Duarte, ex-secretária de Estado da Saúde, sugeriu que as creches e o pré-escolar abrissem numa mesma fase e só duas semanas mais tarde, se a situação se mantivesse controlada, abrissem o 1.º e 2.º ciclos.

Por outro lado, o Governo optou por determinar o desconfinamento a nível nacional, mas outros especialistas sugeriram uma abertura em função dos níveis de risco em cada concelho e nos concelhos limítrofes, nomeadamente Óscar Felgueiras, que mostrou cinco patamares de risco relacionados com a incidência a 14 dias por 100 mil habitantes.

O Executivo só aproveitou esta ideia de aplicar medidas a nível regional em sentido contrário: se for preciso travar o desconfinamento ou voltar atrás nas fases, isso pode acontecer apenas nos concelhos onde os números tiverem aumentado – excetuando as medidas relacionadas com a educação, que serão sempre nacionais.

O plano do Governo está definido em quatro passos com datas definidas. Mas Carlos Antunes, engenheiro da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), e o matemático Jorge Buescu, também da FCUL, preferiam que não existissem.

Os especialistas já tinham admitido ao Observador uma preocupação sobre o aumento do R nos últimos tempos, pelo que sugeriram um plano com fases baseadas em indicadores epidemiológicos, sem datas e com navegação à vista.

Os peritos sondados pelo diário tinham algumas dúvidas sobre a possibilidade de a primeira fase do desconfinamento ir além da abertura das escolas. Mas o Governo foi menos conservador e anunciou que não só os cabeleireiros, barbeiros, esteticistas e outras atividades semelhantes podiam regressar, como também o comércio ao postigo, as livrarias, o comércio automóvel, a mediação imobiliária, as bibliotecas e os arquivos.

Liliana Malainho, ZAP //

2 Comments

  1. o problema dos especialistas é que são todos funcionarios publicos. E estão-se a borrifar para aqulees que estão a passar grandes dificuldades ou que viramos esforços, muitas vezes de uma vida, abrirem falencia por nãoos deixarem trabalhar. Era importante cortarem-lhes o salario para ver se ficavam mais despertos para a realidade.. fdp

  2. Os peritos não são vigaristas, ao contrário do que possa pensar. Pelo menos, não dispensam os conselhos das autoridades.

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