Costa começou a surpreender e acabou surpreendido: os 8 anos do ainda primeiro-ministro

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José Sena Goulão / LUSA

António Costa anuncia a sua demissão

Desde o dia em que perdeu mas ganhou até a um Governo repleto de demissões – incluindo do próprio primeiro-ministro.

O percurso de António Costa enquanto primeiro-ministro de Portugal começou no dia 4 de Outubro de 2015. Foi o dia em que… perdeu nas eleições legislativas.

Líder do Partido Socialista (PS) desde o ano anterior, quando retirou António José Seguro do lugar, partia para este acto eleitoral com confiança para ser o sucessor de Pedro Passos Coelho.

No entanto, o PS ficou-se pelos 32,31% dos votos, equivalente a 86 deputados, menos do que os 102 deputados da coligação PSD/CDS, que chegou aos 36,86%.

Parecia que António Costa tinha perdido. Mas ganhou.

A sua habilidade política foi visível no momento em que fez contas, rapidamente: se o PS se juntasse ao Bloco de Esquerda (19 deputados) e à CDU (17 deputados), seria formada uma coligação à esquerda que superaria PSD e CDS.

Assinou um acordo com BE e CDU. E assim estava formado um Governo socialista com apoio parlamentar dos outros partidos.

A “geringonça”, como diria Paulo Portas mais tarde.

A coligação PSD/CDS ainda governou durante…menos de um mês.

No dia 24 de Novembro de 2015, quase dois meses depois da contagem de votos, estava confirmado o primeiro Governo português liderado por um partido que não venceu as eleições.

O primeiro mandato ficou marcado por nepotismo. Em 2019, último ano do mandato, já havia mais de 20 casos de governantes com relações de parentesco no mundo da política. Envolviam ministros, secretários de Estado, deputados, ex-governantes e assessores.

Quatro ministros demitiram-se ou foram demitidos: João Soares abandonou a Cultura depois de oferecer “bofetadas” aos críticos Augusto Seabra e Vasco Pulido Valente; Azeredo Lopes saiu da Defesa por causa do caso de Tancos; Constança Urbano Sousa deixou a Administração Interna por causa dos trágicos incêndios de 2017; Adalberto Campos Fernandes deixou de ser ministro da Saúde numa remodelação do Governo em 2018; essa remodelação também afastou o sucessor de João Soares, Luís de Castro Mendes.

Também ficaram na memória os casos de currículos falsos, de licenciaturas que nunca foram concluídas, que originaram demissões em cargos em secretarias de Estado ou assessoria de imprensa.

Mandato mais curto e maioria

Em 2019, novas eleições legislativas: aí sim, vitória para António Costa. O PS ficou com 108 mandatos (36,34% dos votos). Sem maioria absoluta e sem acordo escrito à esquerda, desta vez.

Essas duas ausências – de maioria e de acordo – originaram uma queda antecipada deste Executivo. Dois anos depois, em 2021, a proposta de Orçamento do Estado para 2022 foi rejeitada no Parlamento. O Governo caiu.

Nas eleições legislativas antecipadas de Janeiro de 2022, nova surpresa: até Costa ficou surpreendido com a maioria absoluta. 120 deputados conseguidos nesse dia, equivalente a 41,37% dos votos. “Não é um poder absoluto, não é governar sozinho”, assegurou, no momento da vitória.

Mas uma alegada arrogância, um alegado “poder absoluto” e um primeiro-ministro que se julga “dono do país” foram constantemente criticados desde então.

Além disso, este terceiro e último mandato ficou marcado por escândalo após escândalo, constantes problemas na Justiça – e constantes demissões. Em pouco mais de um ano, 13 elementos do Governo saíram, entre ministros e secretários de Estado.

Os professores, a Saúde, o caso TAP (que surpreendentemente só fez cair um ministro) foram momentos “quentes” que incluíram uma divergência pública entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa: o presidente queria a saída de João Galamba, o primeiro-ministro discordou.

Agora, praticamente 8 anos depois de ter começado a ser primeiro-ministro, fica fora dos planos o recorde de Cavaco Silva, de 10 anos seguidos como líder do Governo.

António Costa começou por surpreender quando perdeu – mas ganhou – nas eleições de 2015. Sai em 2023…surpreendido por ser alvo de um processo-crime.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

  1. ENTÃO e o MARCELO?

    Então e o seu comparsa Marcelo não se demite?
    Costa já vai tarde e a más horas.
    Vai mais sujo que os indianos que vivem na rua.
    Agora só falta o seu comparsa Marcelo.
    Portugal é governado e presidido por dois criminosos que são Costa e Marcelo. Têm violado várias vezes e gravemente a Constituição Portuguesa desde que foram eleitos para além de serem suspeitos em vários lobbys e casos de corrupção. Já vai sendo tempo de nos livrarmos deste esterco de gente que arruína Portugal.

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