“O senhor deputado ainda vai sair deste parlamento e eu ainda vou cá estar”, diz Pedro Nuno Santos a Ventura

8

Manuel de Almeida / LUSA

Pedro Nuno Santos

Pedro Nuno Santos sublinhou ainda que a TAP está a cumprir as metas do plano de reestruturação negociadas com a Comissão Europeia antes do tempo.

O ministro das Infraestruturas respondeu esta quinta-feira a André Ventura que ainda será ministro quando o líder do Chega deixar de ser deputado, durante o debate requerido pelo PSD sobre a privatização da TAP, na Assembleia da República. “O senhor deputado ainda vai sair deste parlamento e eu ainda vou cá estar”, respondeu Pedro Nuno Santos a André Ventura.

O líder do Chega tinha feito, antes, uma previsão de que Pedro Nuno Santos não irá ficar muito mais tempo no Governo. “Não sei quanto tempo mais vai ser ministro das Infraestruturas – penso que pouco se ainda conheço a lei deste país e o primeiro-ministro – mas o desastre da TAP ficará para sempre consigo e com o seu Governo”, acusou André Ventura.

Na resposta, o ministro das Infraestruturas e da Habitação acusou André Ventura de levar a cabo um “exercício de populismo” durante a intervenção no debate sobre a TAP. “[O Chega] quer, ao mesmo tempo, mostrar que está preocupado com o dinheiro que foi injetado na TAP, ao mesmo tempo que quer que se salve a TAP. Não explica como é que se salva a TAP sem dinheiro público”, apontou Pedro Nuno Santos.

O governante acusou novamente também o PSD de não assumir que defende “o fim da TAP”. “A coragem de governar é a coragem de tomar decisões difíceis e o PSD não tem a coragem de assumir o que é que faria. A consequência do discurso do PSD era o fim da TAP. Não custa assumirem que a posição do PSD era o fim da TAP”, vincou o ministro.

Pedro Nuno Santos sublinhou ainda que a TAP está a cumprir as metas do plano de reestruturação negociadas com a Comissão Europeia antes do tempo. “A verdade é que a TAP está hoje a pagar aos portugueses desde o primeiro dia em que foi salva”, disse o governante, referindo-se a indicadores como passageiros transportados, ou compras que a companhia aérea faz a empresas portuguesas.

Pedro Nuno Santos disse ainda que a integração da TAP num grande grupo de aviação “pode ser mesmo a única maneira de assegurar a viabilidade de uma empresa estratégica para o país”.

“Foi sempre claro para nós [Governo] que, num mercado tão fortemente globalizado e competitivo, a TAP não conseguiria sobreviver, a médio prazo, sozinha. A integração da TAP num grupo criaria sinergias importantes e traria resiliência para enfrentar a volatilidade tão característica da aviação.

O governante sublinhou que a abertura do capital da TAP “será decidida no tempo e no modo que melhor defenda o interesse nacional”. “Uma garantia podemos dar: não repetiremos a venda feita pela direita, finalizada à porta fechada, dois dias depois de saberem que o seu Governo ia cair, num negócio que ainda hoje não foi suficientemente bem explicado ao país”, acusou Pedro Nuno Santos.

O ministro das Infraestruturas criticou a venda da TAP, no Governo liderado por Pedro Passos Coelho, por dez milhões de euros, mas o Estado assumindo a “responsabilidade por toda a divida anterior à privatização, e também pela futura, caso o novo dono da empresa entrasse em incumprimento”.

“Se o negócio corresse mal ao privado, o Estado comprava a empresa e pagava as dívidas. Como se isto não fosse suficiente, ainda anunciaram uma capitalização de 224 milhões de euros pelo privado que na prática se traduziu exclusivamente em mais compromissos financeiros para a empresa num valor muito superior ao que foi injetado pelo novo dono”, apontou Pedro Nuno Santos.

O governante garantiu que, com este Governo, a privatização da TAP terá de assegurar condições para que a empresa seja mais competitiva, sustentável e que permita a expansão do ‘hub’ de Lisboa (plataforma giratória de passageiros), que classificou como “o maior ativo da aviação nacional”.

“O ‘hub’ dá a Portugal a centralidade no Atlântico que não tem no continente europeu. Protegê-lo e defendê-lo é a melhor forma de a TAP servir o país”, vincou o ministro.

Pedro Nuno Santos acusou também o PSD de continuar a ser “incapaz de assumir uma posição clara” em relação à intervenção na TAP, sem dizer qual seria a sua solução para resolver a emergência que a TAP enfrentou durante a pandemia.

“A nacionalização da empresa em 2020 teria de ser feita mesmo que a TAP fosse, à altura, totalmente privada. A intervenção pública não foi feita para a empresa ficar do lado do Estado, ela foi feita para garantir que a empresa não fechava. O que estava em causa não era ter uma TAP pública ou uma TAP privada, o que estava em causa era a sobrevivência ou a falência da TAP”, reiterou o ministro das Infraestruturas.

// Lusa

8 Comments

  1. O que deviam perguntar ao ministro é se se vai despedir ou ficar à espera que a lei seja cumprida e o despeçam. Mas todos sabemos que a lei não vai ser cumprida…

  2. Um ministro que anuncia um aeroporto e é humilhado em público pelo PM.
    Um ministro que levou os portugueses a injetar um total superior a 4 mil milhões de euros que tanta falta fazem na saúde, na justiça e na educação numa companhia aérea que afinal quer agora vender.
    Um ministro que tem uma empresa juntamente com a sua família que faz negócios com o Estado.
    Como é que este homem ainda é ministro?
    Isto é o Cabrita II

  3. A Lei é clara. Se o ministro possuir diretamente ou conjuntamente, através de cônjuges diretos, mais de 10% só há uma saída: DEMISSÃO!

  4. O governo agora vem dizer que a Lei está desajustada da realidade. Pois bem, isto faz-me lembrar aquela situação em que um indivíduo é multado na autoestrada por circular a 135km/h. No entanto, paga a multa e tem o desconto de pontos na carta.
    E até poderia dizer que a Lei está “desajustada da realidade” dado que quase ninguém cumpre o limite dos 120km/h.
    Haverá uma justiça para governantes e outra para o comum cidadão? Poderão os governantes incumprir a Lei sem qualquer sanção? É isto que está aqui em questão.

  5. Roubam-nos descaradamente todos os dias desde o 25 de Abril de 1974 e dizem ao povo que é ele (o povo),quem mais ordena. Bando de mafiosos e corruptos.Enquanto o não sair-mos à rua verdadeiramente vamos continuar a ser enganados. É só olhar para os vizinhos Espanhóis que saíram à rua quando aumentaram brutalmente os combustíveis e imediatamente quem os governa solucionou o problema.Nós aqui , dão-nos telenovelas nos noticiários para nos entreter todos dias e andámos felizes e contentes.Viva Portugal.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.