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Pedofilia na Igreja Católica tem sido “varrida para debaixo do tapete”

Catholic Church / Flickr

De acordo com um relatório de inquérito condenatório, a Igreja Católica tem deixado de lado o seu propósito moral de proteger crianças sexualmente abusadas, para priorizar a reputação dos seus membros que muitas das vezes são tidos como agressores.

O relatório sublinha que “a negligência da igreja com o bem-estar físico, emocional e espiritual de crianças e jovens em favor de proteger a sua reputação, está em conflito com a missão de amor e cuidado pelos inocentes e vulneráveis”.

Entre 1970 e 2015, a igreja recebeu mais de 900 denúncias que dizem respeito a mais de 3000 casos de abuso sexual infantil contra mais de 900 indivíduos, incluindo padres, monges e voluntários. Nesse período, foram iniciados 177 processos que resultaram em 133 condenações.

Segundo o relatório, o abuso sexual de crianças envolveu casos de “masturbação, sexo oral, penetração vaginal e anal”. Em certos momentos, diz o inquérito, estas práticas foram acompanhadas por “espancamentos sádicos motivados”, bem como por “comportamentos profundamente manipuladores por aqueles que se encontravam em posições de confiança”.

Um indivíduo, que revelou a sua história como forma de contributo para o documento, confessou que foi abusado durante quatro anos (entre os seus 11 e 15 anos de idade) centenas de vezes por um padre.

“Depois de cada violação, o jovem era obrigado a se confessar, e o padre em questão deixou claro que o lugar de sua irmã numa escola do convento local dependia de sua obediência”, acrescenta o relatório.

O relatório destaca que quando as denúncias foram feitas, a igreja invariavelmente falhou no apoio às vítimas e sobreviventes, mas tomou medidas para proteger os supostos perpetradores, transferindo-os para uma paróquia diferente. “O abuso sexual infantil”, diz o documento, “foi varrido para debaixo do tapete”.

O documento cita estudos nos Estados Unidos e na Austrália, onde se estima que 4% e 7% dos padres, respetivamente, executam este tipo de crimes.

Uma vítima que não se quis identificar referiu que “as conclusões do relatório do IICSA sobre a Igreja Católica, mais uma vez lançam luzes sobre as falhas da Igreja. Esta precisa de uma mudança sísmica na cultura. Se houver alguma esperança de mudança, isso exigirá uma renúncia ao poder de alguns membros e uma vontade de tratar as vítimas como seres humanos”.

O advogado David Enright, representou 20 vítimas de abusos sexuais e referiu que “a igreja teve muitas oportunidades de erradicar o abuso infantil e falhou. “O único curso de ação seguro é tirar a proteção das crianças das mãos da Igreja Católica e colocá-la nas mãos de outros profissionais​​”, remata em declarações ao The Guardian.

ZAP //

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