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Lalanda e Castro demite-se da Octapharma e é detido na Alemanha

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Mário Cruz / Lusa

O empresário da indústria farmacêutica Paulo Lallanda de Castro

O presidente demissionário da Octapharma foi detido esta quinta-feira na Alemanha, um dia depois de ter apresentado a demissão como responsável da farmacêutica Octapharma em Portugal.

A notícia foi confirmada em comunicado pela Polícia Judiciária. “O detido está a ser presente às autoridades judiciais daquele país a fim de validarem a detenção e decidirem da entrega às autoridades portuguesas.”, acrescentou a força policial.

Paulo Lalanda de Castro, suspeito de corrupção ativa no âmbito do processo relacionado com os negócios do sangue, era presidente da farmacêutica Octapharma, empresa da qual saiu esta quarta-feira, na sequência da investigação da PGR e PJ. Apresentou esta quarta-feira ao Conselho de Administração da Octapharma a demissão de todas as funções que desempenha na empresa, o que foi aceite, anunciou ontem à noite a farmacêutica, em comunicado.

Segundo a Octapharma, a demissão, que já foi aceite, foi apresentada na sequência de uma investigação relacionada com o negócio do plasma, que envolve a farmacêutica, que foi alvo de buscas, acrescenta a nota.

“Na sequência das referidas diligências, e de forma a focar-se na resposta às alegações que sobre si recaem, o Exmo Sr. Paulo Lalanda de Castro apresentou ao Conselho de Administração da Octapharma A.G. a demissão de todas as funções que desempenha na Companhia, incluindo as exercidas em Portugal, a qual foi aceite”, refere o comunicado enviado ontem à noite à agência Lusa.

O ex-presidente da ARS e do INEM Luís Cunha Ribeiro foi detido esta terça-feira no decorrer da investigação da Unidade de Combate à Corrupção da PJ e do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, designada “O negativo“. O gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou à agência Lusa que, “além de um detido, foram, até ao momento, constituídos arguidos dois advogados e uma representante, à data dos factos, da Associação Portuguesa de Hemofilia”.

Durante a manhã, a PGR revelou que estavam a decorrer mais de 30 buscas em estabelecimentos oficiais relacionados com a saúde, incluindo o Ministério e o INEM, duas buscas em escritórios e locais de trabalho de advogados e outras em território suíço.

“No inquérito investigam-se suspeitas de obtenção, por parte de uma empresa de produtos farmacêuticos, de uma posição de monopólio no fornecimento de plasma humano inativado e de uma posição de domínio no fornecimento de hemoderivados a diversas instituições e serviços que integram o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, refere a nota da PGR.

Para o efeito – explica – “um representante da referida empresa de produtos farmacêuticos e um funcionário com relevantes funções no âmbito de procedimentos concursais públicos nesta área da saúde terão acordado entre si que este último utilizaria as suas funções e influência para beneficiar indevidamente a empresa do primeiro”.

A empresa de produtos farmacêuticos em causa é a Octapharma, que terá subornado Cunha Ribeiro com apartamentos de luxo uma vez que este fazia parte do júri do concurso que, em 2000, entregou o monopólio do negócio milionário da venda do plasma sanguíneo aos hospitais públicos portugueses.

Os factos em investigação ocorreram entre 1999 e 2015 e os suspeitos terão obtido vantagens económicas que procuraram ocultar, em determinadas ocasiões com a ajuda de terceiros. Em causa estão factos suscetíveis de integrarem a prática de crimes de corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem e branqueamento de capitais.

ZAP / Lusa

2 Comments

  1. Para um país, onde, segundo proclamava Cândida Almeida, não havia (políticos) corruptos, não será demasiada fruta?! Não há dia em que não surja mais um caso. Claro que estes são os que vão chegando ao conhecimento do grande público. Quantos mais não ficarão na sombra? Cada cavadela, sua minhoca? E não haverá maneira de reduzir estes casos? E os responsáveis serem devida e exemplarmente punidos? Ditosa Pátria…

  2. O patrão do socas preso na Alemanha? O que andava ele por lá a fazer? Este deve ser mais um caso para atrasar a operação marquês. Depois vêm alguns dizer (escrever) que nunca mais acusam o gajo. Como podem se isto é um novelo que nunca mais se lhe vê a ponta???

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