Patriarcado envia para Ministério Público queixa de suspeita de abuso por padre de Massamá

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O Patriarcado de Lisboa anunciou hoje a receção, pela Comissão Diocesana de Proteção de Menores, de uma queixa sobre um possível caso de abuso sexual sobre menores, alegadamente cometido pelo pároco de Massamá, Sintra.

Em comunicado, o Patriarcado revela que, “tendo procedido de imediato a uma investigação prévia da acusação, a mesma foi enviada para o Dicastério da Doutrina da Fé e em seguida para o Ministério Público”.

O padre Luís Cláudio Ferreira dos Santos, de 64 anos, “suspendeu o exercício do ministério pastoral na comunidade que lhe estava confiada, aguardando o apuramento da verdade”, adianta a informação do Patriarcado de Lisboa, segundo o qual “o caso segue os seus trâmites e encontra-se em segredo de justiça no foro canónico, assim como no Ministério Público”.

O padre em causa, além de pároco de Massamá, é juiz do Tribunal Patriarcal e assistente diocesano do Curso de Preparação para o Matrimónio do Patriarcado de Lisboa.

Na nota, o Patriarcado “renova o seu compromisso em tudo fazer para erradicar esta dramática realidade dos abusos de menores e está disponível para acompanhar as vítimas que assim o desejarem”.

Este propósito segue-se à carta que o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, dirigiu aos diocesanos na abertura do novo ano pastoral, no início de setembro, na qual voltou a pedir perdão às vítimas de abuso sexual no seio da Igreja Católica, assegurando que a instituição em Portugal “está na primeira linha da resposta a tão grave questão”.

No documento, Manuel Clemente escrevia não poder “deixar de aludir às notícias de abusos sexuais que foram aparecendo entretanto”, referentes a casos na diocese por si tutelada.

“Já tive ocasião de explicar o que se fez e continuará a fazer na diocese, para corrigir e prevenir tais casos”, continua o patriarca, referindo-se à carta aberta que divulgou no dia 29 de julho e cujo teor terá comunicado “pessoalmente ao Papa Francisco”, em audiência no dia 05 de agosto.

Nesse documento, Manuel Clemente assegurava que “desde a primeira hora” deu instruções, no Patriarcado, “para que a Tolerância Zero e a Transparência Total sejam regra conhecida de todos” quanto ao abuso de menores.

Na carta aberta em que procurava esclarecer o que “testemunhou” no caso de um padre acusado de abuso denunciado em 1999 ao anterior patriarca, José Policarpo, e revelado pelo jornal Observador – que noticiava que “duas décadas depois” o atual patriarca se encontrou com a vítima, “que não quis divulgar o caso”, pelo que não foi dado conhecimento às autoridades judiciais, – Clemente disse aceitar que “este caso e outros do conhecimento público e que foram tratados no passado, não correspondem aos padrões e recomendações que hoje” todos querem “ver implementados”.

Segundo Manuel Clemente, o seu antecessor “acolheu e tratou o caso em questão tendo em conta as recomendações canónicas e civis da época e o diálogo com a família da vítima. O sacerdote foi afastado da paróquia onde estava e nomeado para servir numa capelania hospitalar”.

Lusa //

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