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Pedro Figueiredo junto à sua casa, que ardeu
Deixou o sofá na varanda: “Falhei”. A casa ardeu em segundos. Já surgiu uma onda de solidariedade, 20 mil euros em poucas horas.
“Foi em segundos. Andava a tentar apagar do lado de fora. Tinha amigos a salvar os animais, salvámos todos os animais. Sinto orgulho dos animais, a casa fica para depois. Salvei as ovelhas, salvei 15 cães. É o orgulho que tenho”.
O relato impressionante, e sincero, foi dado em directo no Telejornal, na sexta-feira à noite.
O seu nome é Pedro Figueiredo e mora em Vila Pouca da Beira, em Oliveira do Hospital. A vila foi um dos muitos locais atingidos pelos incêndios violentos, ao longo dos últimos dias.
Pedro ficou sem casa: “Foi muito rápido, foi em segundos”. Uma faúlha atingiu um sofá na varanda, onde o pastor tinha dormido, para ver onde estava o fogo durante a madrugada.
E admite a falha: “Estava o sofá cá fora, não tirei. Fui eu que falhei. Havia de ter tirado, não tirei. Está aqui o resultado”.
Pedro Figueiredo ficou com ferimentos ligeiros – e ficou só com a roupa que tinha no corpo. “Lembranças, recordações, documentos… Ficou tudo ali (no incêndio), não tenho nada. Hoje olho para mim e digo ‘O que é que eu tenho?’ Nada“.
Contou depois que salvaram-se os carros, que tinham sido guardados numa garagem de vizinhos
“É o que tenho. Estou feliz. E chega“, finalizou o pastor, com lágrimas nos olhos.
Solidariedade
O português não falha, no momento de ajudar.
Muitas pessoas viram este relato, quer em directo, quer mais tarde, e ficaram emocionados – não só com o desfecho, mas também com a sua preocupação e com o seu orgulho pelos animais.
Elementos do IRA – Intervenção e Resgate Animal conseguiram tirar os animais do buraco de uma mina.
Rapidamente se acumularam os donativos. Só em duas plataformas, foram angariados 20 mil euros em poucas horas – e este valor não inclui as transferências directas para a conta bancária do IRA.
Menos de 24 horas depois do relato, o mesmo IRA avisou: “Podem parar com os donativos: o Pedro vai ter uma casa”.
Pedro Figueiredo vai ter uma casa modular. E um abrigo para os seus animais.
“Não sei. Se me oferecerem, sou grato. Se não oferecerem… Já trabalhava 18, 19 horas por dia; se tiver que trabalhar 22 ou 23 horas por dia, vou trabalhar. E eu vou conseguir”, reagiu, na RTP.
Homem valente!