Cientistas encontraram um pássaro incomum na Pensilvânia que guarda um incrível segredo genético: esta toutinegra é o híbrido de três espécies diferentes de pássaros.
Uma equipa de cientistas encontrou um passo incomum na Pensilvânia, cuja mãe era um híbrido de dois toutinegras e o pai era uma toutinegra de um terceiro género totalmente diferente. Assim, este pássaro é três espécies numa só, algo “extremamente raro”, afirma David Towes, do Cornell Lab of Ornithology.
Híbridos de pássaros não são incomuns. Aliás, a toutinegra de Brewster (que, neste caso, era o híbrido da mãe deste pássaro “3 em 1”) é conhecida desde 1874. Além disso, sabe-se que a hibridização pode levar ao desenvolvimento de novas espécies.
No entanto, em casos normais, entram apenas duas espécies na equação. O facto de este pássaro ser um híbrido de três espécies é algo muito incomum que, além de fascinante, revela também algo alarmante sobre o declínio do número de toutinegras em Appalachia, uma região no leste dos Estados Unidos.
Segundo o ScienceAlert, este pássaro foi visto, pela primeira vez, em maio de 2018 por Lowell Burket, que chegou à conclusão que esta ave tinha uma coloração semelhante às das toutinegras de asas douradas (Vermivora chrysoptera) e às de asa azul (Vermivora cyanoptera). No entanto, o seu canto era muito mais parecido com a de uma toutinegra Setophaga pensylvanica.
Depois de avistar o pássaro várias vezes, Burket relatou a sua descoberta no site de observação de pássaros do The Cornell Lab of Ornithology, o eBird. “Tentei fazer com que o email soasse um pouco intelectual para que os investigadores não pensassem que eu era um maluco”, disse Burket.
“Uma semana depois estava já com David Toews a recolher as medidas e uma amostra de sangue desta espécie. Foi uma manhã muito interessante e muito emocionante para nós”, lembra Burket. Poucos dias depois, Towes enviou uma mensagem a Burket, pontuada com vários pontos de exclamação – o observador amador de pássaros estava correto em relação às suas observações.
Os investigadores estudaram os genes que codificam a coloração e usaram-nos para descobrir como seria a ave mãe – chegando a uma mãe toutinegra de Brewster e a um pai toutinegra dos castanheiros. Esta é a primeira vez que esta combinação híbrida é vista. O estudo foi publicado recentemente na Biology Letters.
Mas o que é fascinante, é também preocupante, dado que algumas populações de toutinegras de asas douradas diminuíram drasticamente em Appalachia. Um novo tipo de evento de hibridização pode indicar que não há parceiros suficientes para todos, de modo a que as aves são obrigadas a procurar outras espécies para opções reprodutivas.
Persiste, todavia, uma outra preocupação. Sabemos que alguns híbridos de aves continuam férteis e são capazes de se reproduzir, mas não se sabe se este híbrido triplo será capaz de fazer o mesmo. Mesmo que consiga, as parceiras achá-lo-ão demasiado estranho para o escolherem como companheiro.
Mas nada como esperar por novos desenvolvimentos. Quem sabe se este pássaro “3 em 1” não será pai em breve.
ZAP // ScienceAlert