Partição forçada da Ucrânia: Moscovo quer 20% do território ucraniano

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Atef Safadi / EPA

Embaixador russo em Londres admite que a guerra vai terminar com a Ucrânia “despojada de mais de um quinto do seu território pós-soviético”.

As forças russas já assumiram controlo de grande parte do território do sul da Ucrânia, acima da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Moscovo tem conseguido expulsar as tropas ucranianas das duas regiões rebeldes apoiadas pela Rússia no leste da Ucrânia, que foram reconhecidas como estados independentes – Donetsk e Lugansk, como relembra o Público.

Quando questionado sobre se o conflito poderia terminar, o embaixador russo em Londres, Andrei Kelin, admitiu à Reuters que as forças russas não se iriam retirar do sul da Ucrânia e garantiu que os soldados ucranianos seriam expulsos de Donbass.

“É improvável que a Rússia se retire de uma faixa de terreno na costa sul da Ucrânia e vai derrotar as forças ucranianas em toda a região leste do Donbass”, afirmou Kelin.

Vamos libertar todo o Donbass“, acrescentou Kelin. “É claro que é difícil prever a retirada das nossas forças da parte sul da Ucrânia, porque já verificámos que, após a retirada, começam as provocações [ucranianas] e muitas pessoas começam também a ser baleadas”.

A Rússia alega que a Ucrânia tem matado civis em ataques contra o território do Donbass, controlado por separatistas apoiados pelos russos desde 2014.

Os combates na região causaram milhares de baixas em ambos os lados, muito antes da invasão da Rússia ter começado a 24 de fevereiro, disse Kelin.

As palavras do embaixador marcam uma das afirmações públicas mais explícitas do lado russo sobre o objetivo final da presença russa na Ucrânia: “Essencialmente, uma partição forçada que deixaria a Ucrânia despojada de mais de um quinto do seu território pós-soviético”.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, já garantiu que o país nunca aceitará a ocupação russa do seu território e que irá continuar a lutar até que o último soldado russo seja expulso.

“Mais cedo ou mais tarde”, disse Kelin, a Ucrânia terá que decidir “acertar um acordo de paz com a Rússia ou continuar a escorregar encosta abaixo até à sua ruína“.

Esta quinta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de décadas de agressão contra Moscovo e desafiou que se quiser derrotar a Rússia no campo de batalha, será bem-vindo, mas que isso iria trazer mais tragédia para a Ucrânia.

É possível piorar o conflito? Claro“, sublinhou Kelin. “Se o fluxo de armas for organizado de tal forma que ponha em risco a nossa situação estratégica e a nossa defesa, teremos que tomar medidas drásticas contra isso”.

ZAP //

3 Comments

  1. Será que a Rússia se contenta com o Donbas e as terras a sul que já ocupa? Ou será, como já alguns admitem (não oficialmete), que só vai acabar a guerra quando chegar à Moldova – ou quando não tiver mais capacidade em homens e/ou armamento? É dificil acreditar nestes ruzzos.

  2. “A Rússia alega que a Ucrânia tem matado civis em ataques contra o território do Donbass, controlado por separatistas apoiados pelos russos desde 2014.”

    não é a Rússia que alega é por exemplo o que um relatório da OCDE indica que foram mortos mais de 13mil pessoas pelas forças ucranianas desde 2014.

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