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Parte do muro mandado construir por Trump na fronteira com o México em risco de colapsar

Jose Luis Gonzalez / EPA

Chuvas de monção que caíram nos últimos dias, caracterizadas pelos especialistas como de dimensão “histórica”, forçaram as comportas do muro, acabando por rebentar com alguns setores.

Em 2015, durante a campanha eleitoral que acabaria por lhe valer a eleição para o cargo de presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump atirou: “Ninguém constrói muros melhor que eu”. No entanto, esta afirmação parece ter sido refutada pela própria água da chuva. É que ao longo dos últimos dias, o estado do Arizona foi atingido por chuvas de verão intensas, o que causou o rebentamento de parte da estrutura.

Segundo os relatos de moradores e associações de defesa da vida selvagem, pelo menos seis secções da estrutura foram arrancadas na zona de Douglas, com zonas também a registar danos — os Serviços Fronteiriços e de Imigração norte-americanos já confirmaram que a estrutura sofreu deteriorações, escreve o The Guardian.

Durante o mandato de Trump, diversos organismos já tinham alertado para a necessidade de algumas portas da estrutura — que funcionam como comportas face ao excesso de água que ali se gera como resultado das cheias e que muitas vezes transportam consigo pedras, sedimentos, partes de árvores e outros detritos —, terem de permanecer abertas de forma a evitar a sua destruição.

No entanto, devido à sua localização — em algumas partes da fronteira o muro está construído em desertos, por exemplo —, as comportas teriam que ser abertas manualmente e deixadas assim durante meses, o que potenciaria a entrada de migrantes e contrabandistas em território norte-americano.

De acordo com as notícias publicadas pela imprensa local, durante as chuvas da última semana as comportas estavam abertas, contudo, a dimensão “histórica” do dilúvio terá sido maior do que a estrutura está preparada para aguentar. Segundo especialistas em climatologia da Universidade do Arizona, na área de Douglas caiu este ano quase o dobro da média anual das chamadas chuvas de monção.

Em janeiro, Joe Biden ordenou a paragem das obras de construção da estrutura e pediu uma revisão dos seus custos. Mais recentemente, em abril, o departamento da Defesa anunciou que os contratos assinados pela administração Trump seriam cancelados.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

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