Paris2024: melhor Missão portuguesa de sempre com o cunho do ciclismo de pista

José Sena Goulão / Lusa

Ginasta Filipa Martins nos Jogos Olímpicos de Paris

O ciclismo de pista transformou uma Missão de deceções na melhor de sempre de Portugal em Jogos Olímpicos, com Iúri Leitão, ao lado de Rui Oliveira, a impulsionar o medalheiro luso em Paris2024 com um feito inédito.

O objetivo era igualar Tóquio2020, mas a Missão portuguesa foi mais além, graças a um jovem ciclista de Viana do Castelo.

Iuri Leitão conquistou a prata no omnium e, dois dias mais tarde, regressou ao Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines para se sagrar campeão olímpico de madison ao lado do amigo Rui Oliveira, tornando-se no primeiro luso a conquistar duas medalhas na mesma edição dos Jogos.

Os dois pistards portugueses, responsáveis também por estrear a vertente no masculino em Jogos Olímpicos, ‘ofereceram’ ao país o sexto ouro, o primeiro fora do atletismo, e ajudaram a cumprir o principal objetivo estabelecido no contrato-programa firmado entre o Comité Olímpico de Portugal e o Governo para Paris2024, o de classificações não inferiores a quatro posições de pódio.

José Sena Goulão / Lusa

Iuri Leitão e Rui Oliveira conquistaram a Medalha de Ouro

Depois das inéditas quatro medalhas conquistadas na capital japonesa – o ouro de Pedro Pablo Pichardo no triplo salto, disciplina em que Patrícia Mamona alcançou a prata, e os bronzes do judoca Jorge Fonseca (nos -100kg) e do canoísta Fernando Pimenta (em K1 1.000 metros) -, Portugal somou novamente o mesmo número de metais, mas com ‘cores’ mais importantes.

Além das medalhas conquistadas na pista, Pichardo voltou a ‘voar’, agora para a prata, ficando a apenas dois centímetros do ouro do espanhol Jordan Díaz, campeão olímpico com 17,86, enquanto a judoca Patrícia Sampaio confirmou todo o seu potencial, ao ser bronze nos -78 kg.

Os ‘metais’ alcançados nestes Jogos, que elevaram para 32 o pecúlio olímpico luso (seis de ouro, 11 de prata e 15 de bronze), permitiram a Portugal ocupar o 50.º lugar no medalheiro, melhorando também Tóquio2020 (56.º)

Inscritos no contrato-programa, os objetivos estabelecidos para Paris2024 consistiam ainda em 15 diplomas, 57 pontos entre os oito primeiros, 36 classificações entre os 16 primeiros, a presença em 66 eventos de medalhas distribuídos “de forma equitativa em termos de género”, em 17 modalidades – este último não concretizado, pois a Missão lusa foi integrada ‘apenas’ por 15 desportos.

Christian Bruna / EPA

Pedro Pichardo embrulhado na bandeira portuguesa

Pedro Pichardo ficou a dois centímetros do ouro olímpico, conquistando a prata

Depois dos 11 diplomas, e da melhor pontuação de sempre em Jogos Olímpicos (78 pontos, atribuídos aos atletas classificados entre o primeiro e o oitavo lugares, mais 27 do que em Atenas2004), Portugal alcançou em Paris2024 14 posições ‘diplomadas’ e 57 pontos, além de 33 classificações até ao 16.º lugar.

Os objetivos ‘falhados’ podem muito bem explicar-se pela dececionante prestação da natação, mas também do judo, salvo pela surpreendente Patrícia Sampaio.

A natação pura falhou em toda a linha na piscina da La Défense Arena, nomeadamente Diogo Ribeiro, o campeão mundial de 100 metros mariposa de quem se esperava muito e que se despediu da estreia nos Jogos com apenas uma meia-final, nos 50 livres.

Aquém do esperado ficou também o judo, que viu Jorge Fonseca, bronze em Tóquio2020, ser afastado na estreia nos -100 kg. À exceção de Patrícia Sampaio, todos os judocas portugueses caíram ao primeiro ou segundo combate, caso de Catarina Costa, sétima do mundo na categoria mais leve do judo feminino (-48 kg).

Christophe Petit Tesson / EPA

Patrícia Sampaio trouxe bronze dos Jogos Olímpicos Paris 2024

Numa Missão com muitas desilusões e lágrimas – até quinta-feira o ambiente era de desânimo generalizado e este resultado histórico parecia impossível -, também o equestre teve uma passagem para esquecer no Palácio de Versalhes, com todos os cavaleiros a terem classificações bem modestas.

Mesmo o atletismo não sobressaiu, à exceção de Pichardo: Jéssica Inchude, oitava no lançamento do peso, Irina Rodrigues, nona no disco, e Salomé Afonso, que bateu duas vezes (e por muito) o seu recorde pessoal.

Além do ciclismo, modalidade ‘rainha’ nestes Jogos – Nelson Oliveira alcançou um diploma no contrarrelógio, ao ser sétimo -, também o triatlo surpreendeu, oferecendo à Missão lusa três diplomas: os de Vasco Vilaça (quinto) e Ricardo Batista (sexto) na prova individual, e o dos dois em aliança com Maria Tomé e Melanie Santos na estafeta mista (quintos).

De Marselha chegaram bons ventos, com Carolina João e Diogo Costa a serem quintos na classe 470, a mesma posição alcançada por Gabriel Albuquerque nos trampolins, culminando uma prestação sobressalente da ginástica — onde a maiata Filipa Martins registou uma prestação histórica, tornado-se a primeira ginasta portuguesa a disputar uma final olímpica de ginástica artística all-around.

A canoagem trouxe lágrimas e desilusão: esperavam-se medalhas do supercampeão Fernando Pimenta e da dupla João Ribeiro/Messias Batista. Mas os diplomas conseguidos pelos canoístas não podem ser desvalorizados.

Apesar de ser a delegação mais pequena desde Sydney2000, com 73 atletas, 37 das quais mulheres, Portugal saiu da capital francesa com os melhores resultados olímpicos de sempre.

ZAP // Lusa

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