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Plano de Recuperação. CGTP deixa aviso em relação ao salário mínimo, CIP apoia aposta do Governo

Mário Cruz / Lusa

A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha

António Costa reuniu-se esta terça-feira com os parceiros sociais a propósito do Plano de Recuperação e Resiliência. Isabel Camarinha, secretária geral da CGTP, considera que a resposta do Governo face à valorização dos salários é motivo de “preocupação”. 

A resposta do Governo, em relação ao “aumento geral dos salários de todos os trabalhadores” e ao aumento do salário mínimo nacional “de forma significativa”, “não vai no sentido daquilo que consideramos fundamental”, reagiu Isabel Camarinha, secretária geral da CGTP, à saída do encontro com António Costa.

“A resposta do primeiro-ministro foi que o Governo mantém aquele objetivo, que para nós é insuficiente, de até ao final da legislatura o salário mínimo atingir os 750 euros”, disse, acrescentando ainda que António Costa alertou que “este ano terá de se ter em conta a situação da Economia”.

“O aumento do salário mínimo este ano poderá não ser igual ao de 2020“, avisou. Recorde-se que, de 2019 para 2020, o salário mínimo nacional passou dos 600 para os 635 euros.

Já o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal disse que as empresas precisam de ser “fortalecidas” para o “desafio” do Plano de Recuperação e Resiliência, mas indicou que concorda com a aposta do Governo na administração pública.

“Sendo crítico em alguns aspetos do plano, uma melhor e mais moderna administração pública traz seguramente desburocratização, um alívio a nível de burocracia, e isso dá facilidade à envolvente empresarial e, nesse sentido, acompanhamos [o Governo]”, afirmou António Saraiva.

O responsável disse que as verbas europeias vão permitir ter “o dobro” por ano, cerca de 6 mil milhões de euros anuais, sublinhando que “é necessário que o país acerte nas medidas concretas para que o fundo não seja atirar dinheiro para os problemas mas uma efetiva resolução dos problemas”.

O presidente da confederação empresarial considerou, no entanto, que as empresas têm de estar “fortalecidas e robustas” para o “desafio” do Plano de Recuperação e Resiliência do Governo. “Temos aqui um desafio porque este combate far-se-á com as pessoas e com as empresas e é o estado das empresas e as suas condições para assumirmos este desafio que importa acautelar.”

“Isso exige serem capitalizadas, recapitalizadas para ficarem protegidas em relação a outras empresas europeias”, sustentou, acrescentando que as empresas têm de estar “robustas e fortalecidas e por isso fusões e concentrações, capitalização e recapitalização do tecido empresarial é fundamental.”

Por sua vez, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, disse que o plano do Governo “é muito vago na parte que se aplica às empresas, nomeadamente em termos do investimento no digital” e defendeu que existe “uma clara desproporção a favor dos serviços públicos”.

“Pensamos que seria necessário um investimento maior nas empresas, nomeadamente na qualificação, mas está muito disperso o que se aplica a cada uma das áreas”, afirmou Vieira Lopes.

A Assembleia da República debate esta quarta-feira o Plano de Recuperação e Resiliência, cujas linhas gerais foram apresentadas na segunda-feira aos partidos e mereceram críticas da esquerda à direita.

ZAP // Lusa

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