Pandemia agravada pela corrupção. Portugal desce três lugares no índice da Transparência Internacional

8

A pandemia de covid-19, além de uma crise sanitária e económica, mostrou também que tem sido agravada pela corrupção, algo que o mundo está atualmente a falhar combater, considerou esta quinta-feira a presidente da organização Transparência Internacional (TI).

No relatório anual da organização não-governamental sobre o Índice de Perceção da Corrupção, que analisa 180 países e territórios, Delia Ferreira Rubio lamenta que o panorama se tem mantido um pouco por todo o mundo, onde a maioria dos Estados registaram poucas ou nenhumas melhorias no combate ao fenómeno em quase uma década.

Portugal desce três lugares, passa para 33º, registando a pontuação mais baixa desde 2012.

Numa escala de 0 (pior) a 100 (melhor), mais de dois terços dos países e territórios analisados obtiveram resultados abaixo de 50, demonstrando que a corrupção não só mina a resposta global à covid-19 como contribui para a contínua crise da democracia, salienta-se no documento.

“O índice deste ano mostra que a corrupção é mais elevada nos países menos equipados para lidar com a pandemia de covid-19 e outras crises globais. O índice, que classifica 180 países e territórios pelos níveis de perceção de corrupção no setor público de acordo com especialistas e empresários, usa uma escala de zero a 100, onde zero é altamente corrupto e 100 é muito limpo”, relembra-se.

“Os dados mostram que, apesar de algum progresso, a maioria dos países ainda não consegue combater a corrupção de forma eficaz. Além de obter pontuações baixas, quase metade de todos os países estão estagnados no índice há quase uma década. Esses países não conseguiram mover a agulha de forma significativa para melhorar sua pontuação e combater a corrupção no setor público”, refere-se.

Na lista dos 10 países menos corruptos, mantêm-se na liderança a Dinamarca e a Nova Zelândia, com 88 pontos, à frente da Finlândia, Singapura, Suécia e Suíça (todos com 85), Noruega (84), Países Baixos (82) e Alemanha e Luxemburgo (ambos com 90).

Na dos 10 mais corruptos figuram a Somália e o Sudão do Sul, ambos com apenas 12 pontos, a Síria (14), Iémen e Venezuela (ambos com 15), Sudão e Guiné Equatorial (ambos com 16), Líbia (17), Coreia do Norte, Haiti e República Democrática do Congo (todos com 18).

Do total de países analisados no relatório, 26 países melhoraram desde 2012, com destaque para a Grécia (subiu 14 posições), Myanmar (ex-Birmânia, 13) e Equador (sete), e 22 pioraram, com realce para a Bósnia-Herzegovina e Malaui (desceram ambos sete posições) e o Líbano (cinco).

Os restantes países obtiveram pouco ou nenhum progresso no combate à corrupção nos últimos anos”, lê-se no relatório.

Entre os países de língua oficial portuguesa, Portugal está no 33.º lugar (com 61 pontos), à frente de Cabo Verde (41.º, com 58), São Tomé e Príncipe (63.º, 47), Timor-Leste (86.º, 40), Brasil (94.º, 38), Angola (142.º, 27), Moçambique (149.º, 25), Guiné-Bissau (164.º 19) e Guiné Equatorial (174.º, 16).

Por regiões, a da Europa Ocidental e União Europeia (UE), contabilizando 32 países, é a que melhor resultado obteve, com uma média de 66 pontos, enquanto a da África Subsaariana, contando 49 Estados, se mantém como a pior, com 32.

A região da Ásia/Pacífico, com 31 países analisados, é a segunda com melhor índice, 45 pontos, à frente da das Américas (32 países), com 43 pontos, Médio Oriente e Norte de África (18 países), com 39, e Europa do Leste e Ásia Central (19 países), com 36.

No relatório, a TI afirma que 2020 constituiu-se como um dos piores anos da história recente por causa do surgimento da pandemia de covid-19 e os efeitos dela devastadores.

“O impacto sanitário e económico nas pessoas e nas comunidades em todo o mundo tem sido catastrófico. Mais de 90 milhões de pessoas [atualmente são cerca de 100 milhões] foram infetadas e quase dois milhões [quase 2,2 milhões] perderam a vida em todo o mundo”, escreve-se no documento.

Paralelamente, a TI, criada a 4 de maio de 1993 e com sede em Berlim, lembra os relatos de corrupção que têm sido reverberados durante a pandemia do novo coronavírus um pouco por todo o mundo.

“Do suborno e desfalques à superfaturação e favorecimento, a corrupção na saúde assume muitas formas. No entanto, arriscamos perder ainda mais se não aprendermos com as lições anteriores em tempos de crise. Em 2020, apesar da Covid-19, muitos em todo o mundo se manifestaram em protestos contra a corrupção, por justiça social e por mudanças políticas. Consistente com sondagens à opinião pública, que mostram que a maioria das pessoas tem esperança de poder fazer a diferença face á corrupção, cinco desses protestos chegaram às manchetes e destacaram o poder da ação coletiva em manifestações”, escreve-se no relatório.

Como recomendações para combater a corrupção, a TI destaca quatro como essenciais para os países a reforçarem, que passam pelo aprofundamento da fiscalização das instituições, pela garantia de contratos transparentes, pela defesa da democracia e pela promoção do espaço cívico e, por último, pela publicação de dados relevantes e o livre acesso às informações.

// Lusa

8 Comments

  1. ZAP, pergunto-vos porque é que escolheram uma imagem destas para ser a “cabeça” da notícia. Já se sabe que vivemos num país de vigaristas, contudo, não entendo a relevância da fotografia.

    Cumprimentos do utilizador

    José.

    • Caro leitor,
      A fotografia é genérica, ilustrativa e adequada ao texto.
      Até porque se usássemos uma fotografia de um dos tais “vigaristas desse país em que vivemos”, podíamos ser processados.

  2. Algo aqui não bate certo. NADA CERTO MESMO. Vejamos, sendo a Coreia do Norte um país fechado, praticamente inacessível, em que se basearam os autores do estudo para lhe atribuir uma classificação, seja ela qual for? Na Coreia do Norte, quem e de que forma corrompe quem? NÂO BRINQUEM, respeitem os leitores por favor!

  3. Nada de novo… Infelizmente todos os anos iremos descer neste índice, enquanto o povo estiver a espera que a Família politica mude alguma coisa nesta ditadura democratica.

  4. Pobre pais corroido por uma burguesia que pensa k sao alguem…

    Sistema nao ‘e democratico nem ‘e solidario… sistema ‘e jogo de artistas que pensam que circo deles ‘e melhor e o mais certo e sabedor… ERRO TREMENTO…custara mais atrasos de desenvolvimento do pais, das pessoas…

    • É isso aí, Maria! O maior desgoverno de sempre em Portugal tem sabido nomear o PGR, o presidente do Tribunal de Contas, o Procurador Europeu… quer aligeirar o CCP… tudo a bem dos membros do gangue.
      Depois do 44 e ado avençado do BES (entre outros) o saque continua!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.