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Pais querem processar ministros e gestores que mandaram parar a Ala Pediátrica do São João

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José Coelho / Lusa

Hospital de São João, Porto

A associação pediátrica do Hospital de São João estuda esta possibilidade contra quem mandou “parar a obra da ala pediátrica”. O ex-ministro e a atual ministra da Saúde, o ministro das Finanças e o presidente do conselho de administração do hospital são os eventuais visados pela queixa-crime.

A associação pediátrica do Hospital de São João, no Porto, está a estudar a apresentação uma queixa-crime contra quem mandou “parar a obra da ala pediátrica” daquela unidade, incluindo “políticos”, por manterem crianças internadas em contentores “miseráveis” desde 2011.

O ex-ministro e a atual ministra da Saúde, o ministro das Finanças e o presidente do conselho de administração do hospital são os eventuais visados pela queixa-crime com que os pais querem avançar, avançam à TSF.

“Está na altura de responsabilizar efetivamente quem faz os decretos e dá as ordens. Estamos habituados a que, quando um político faz uma asneira, as consequências nunca lhe sejam atribuídas. O Estado assume sempre. Este Governo parou a obra dizendo que devia ser o Estado a fazê-la. Nunca mais fizeram nada. As crianças continuaram naquelas instalações miseráveis”, explicou Jorge Pires, porta-voz da Associação Pediátrica Oncológica (APOHSJ).

Em declarações à Lusa, o responsável revelou que “um grupo de juristas está a estudar a forma de fazer uma queixa de responsabilidade criminal” contra “quem deu ordens e teve um papel ativo para que a obra parasse” em 2016, depois de ter começado em 2015 com financiamento privado, impedindo “que as crianças sejam tratadas convenientemente”

Jorge Pires adianta que o hospital de dia pediátrico do São João, “que funcionava num corredor”, passou em junho “para o edifício central”, mas “as instalações do internamento, onde as crianças dormem e estão isoladas quando fazem quimioterapia, eram miseráveis e continuam miseráveis”.

As crianças não têm culpa das politiquices ou da incompetência dos políticos“, frisou.

O presidente da APOHSJ explica estar em causa “todo o internamento pediátrico”, instalado em contentores, onde as crianças com cancro surgem como “a parte mais sensível” do problema por estarem “imunodeprimidas” e a “lutar contra o tempo, que muitas vezes não existe”.

“Quando vemos as pessoas a mentirem todos os dias e a nada quererem fazer, ou baixamos os braços e morrem crianças ou temos de fazer alguma coisa para que as coisas mudem”, justifica o porta-voz.

Jorge Pires observa que as “instalações são péssimas“, apontando o dedo a “quartos sem cortina ou janelas calafetadas” e “espaços para tomar banho sem condições de isolamento ou higiene”.

“Quando as crianças estão nos contentores e precisam de fazer um exame, têm de viajar para o edifício central em ambulâncias com condições indescritíveis. Os lençóis que as cobrem andam aos caídos dentro da ambulância”, descreve. “Como é que é possível haver o descanso das pessoas que mandaram parar a obra e nada fizeram e agora estão preparados para mais concursos e mais tempo?”, questiona.

A 24 de outubro, o primeiro-ministro António Costa disse que o reforço do orçamento da Saúde permitirá “avançar com o lançamento” do concurso para a nova ala pediátrica do Hospital de S. João, ao passo que a nova ministra da tutela, Marta Temido, afirmou ainda não haver data para o procedimento.

Em março de 2016, o conselho de administração do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) defendeu que as obras da ala pediátrica, iniciadas em 2015 com fundos privados, só seriam possíveis com investimento público. Em causa estava o “desfasamento entre as verbas angariadas e o orçamento total da obra”.

A empreitada de dois anos, orçada em cerca de 25 milhões de euros, era suportada por fundos privados angariados pela associação “Um Lugar Pró Joãozinho”, que até então tinha reunido cerca de um milhão de euros.

Em janeiro de 2017, o ministério da Saúde aprovou a construção da nova ala pediátrica do S. João, anunciando um investimento de cerca de 20 milhões de euros para responder “a uma situação demasiadamente precária que, desde 2011, se verifica com a instalação do internamento pediátrico”, revelou na ocasião a Administração Regional de Saúde do Norte.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Haviam era de fechar aquilo tudo e mandar tudo para o desemprego! Brincam com as pessoas! Tive que me dirigir a esse hospital em Agosto passado, porque estava a 900Km de distância da minha residência e esperei 8 Horas na urgência… é brincar com as pessoas! Uma idosa com 96 anos, amputada de uma perna, idem, esteve 8 Horas à espera, até que a filha disse que se ia embora e aí observaram a mãe! Vergonha de hospital, vergonha de serviço de urgências!!!!

  2. Assim se vive em democracia, para que tudo funcione perfeitamente todos devem acartar responsabilidades, porque pelo que se entende e ve para alguns contribuintes existem direitos e deveres e para outros incluindo que esta em cargos superiores incluindo governo so existe direitos…ainda anda por ai um sr tal chamado Jose Socrates que é uma especie rara e que tinha um advogado que dizia que os jornalistas ( cheiravam mal) esses tudo dizem tudo escrevem e ainda existe uns otarios que os seguem como se focem os donos da verdade.

      • Na escola onde tu andeste dei eu aulas!!! Se queres ser “inteligente faz comentario a noticia…Á?? Deixa-me adivinhar es daqueles que que so respondem aos comentarios…? Nao faz mal desde que nao me ofendam…entendes…( existe o amigo palhaço e o palhaço amigo…)

      • “Na escola onde tu andestes dei eu aulas” De certeza que não frequentei essa escola, pois felizmente os meus professores ensinaram-me a escrever e a pensar pela minha cabeça.

        A resposta é tb para “Pezinhos de La” que deve ter andando na mesma escola aonde tu “andeste”

  3. Quantas vezes e desde há quanto tempo ouvimos estes políticos sem palavra a dizer que iam libertar as verbas para a construção da ala pediátrica?
    Basta de promessas não cumpridas e vão contar histórias para outro lado. Assumam as responsabilidades e não enganem mais o povo.
    Se estivessem envolvidos, naqueles condições de tratamento, os filhos deles, de certeza que as obras já estavam concluídas.

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