Vai ser complicado o Governo ficar… e sair – o que Montenegro quis dizer (e pouco se fala disso)

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Miguel A. Lopes / LUSA

Luís Montenegro durante tomada de posse do Governo

Passou ao lado das notícias, mas o PS ouviu: o verbo essencial no discurso de Montenegro durante a tomada de posse.

Foi uma parte da tomada de posse do Governo que pouco ou nada tem sido comentada.

Luís Montenegro falou durante praticamente meia hora mas, logo na fase inicial, foi “muito claro” e disse que o seu Governo “está aqui para governar os quatro anos e meio da legislatura”.

E atirou: “Este Governo não está aqui de turno; nem assumiríamos esta missão com esse intuito. (…) A investidura parlamentar, nestas circunstâncias, só pode significar que as oposições vão respeitar o princípio de nos deixarem trabalhar e executar o programa do Governo”.

“Executar”. No meio de diversos recados para o PS, nesta parte afastou-se do PS: não disse que vai “negociar” ou “dialogar” com os socialistas em relação às medidas que quer aplicar no país. Vai executar.

Aliás, nos minutos seguintes, Montenegro apresentou uma lista (longa) de medidas do seu programa, algumas que sabe que o PS vai votar contra. “Não mostrou muita flexibilidade”, analisou o comentador David Pontes.

“Este enunciar de medidas é, no fundo, voltar a prometer aos portugueses o que disse durante a campanha eleitoral. Deixa pouco espaço para negociar” com o PS.

É legítimo pedir ao PS que deixe passar um Orçamento do Estado com o qual não concorda? “Basta virarmos a mesa e percebermos que essa legitimidade é muito difícil. Ao contrário, estaríamos a dizer o mesmo. É difícil”, respondeu David Pontes, na RTP.

Para haver disponibilidade por parte do PS, também tem de haver disponibilidade para o diálogo – e isso, às vezes, significa atenuar algumas das medidas que pretendia ter. Porque a base de suporte político não é assim tão grande”, lembrou o comentador político.

Para o especialista, Montenegro quis mostrar rapidamente a sua capacidade de governação e distribuir confiança, dando benefícios que alguns sectores estão à espera.

“Vamos ver, se chegando ao Orçamento do Estado, será mais difícil uma rejeição do PS, se será mais provável o documento ser aprovado”, continuou.

Não sai

“Não rejeitar o programa do Governo no Parlamento não significa apenas permitir o início da acção governativa. Significa permitir a sua execução até ao final do mandato ou, no limite, até à aprovação de uma moção de censura”.

Outra “notícia” pode ser extraída desta parte do discurso: governar em duodécimos.

Mesmo que o Orçamento seja rejeitado, o primeiro-ministro deixou a ideia de que o Governo vai continuar a liderar o país.

O Governo só sai se for aprovada uma moção de rejeição – um cenário complicado, já que Pedro Nuno Santos já assegurou que o PS não iria por esse caminho: nem apresenta moção de rejeição, nem vota a favor de uma moção de rejeição apresentada por outro partido.

E a aprovação de uma moção exige no mínimo 116 votos – a oposição só iria conseguir aprovar uma moção de rejeição se o PS também votasse a favor.

Ou seja, prevê-se que seja difícil este Governo “aguentar-se”… mas aparentemente também vai ser difícil sair.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

  1. O povo necessita de saber a verdade, todos os programas a aplicar serão para SUSTENTABILIDADE de todos. Quando digo todos a UE tambem está incluída, Porque são eles que mandam as diretrizes, e por esse modo, todos temos que nos alinhar, e saber exatamente os afazeres para arrumar a casa. Não vai ser fácil ao Grande PS ser oposição e adaptar-se. Quanto ao Chega; estes estão com a força toda, mas chega é só André Ventura. com todo o respeito que lhe é merecido; Vai ter que provar que é político merecedor de confiança, e sim, se for um político Responsável o povo vai saber reconhecer.
    O mundo reconhece o quão grandes nós fomos. Não é facil ser político mas acredito neles (políticos) e acredito que ainda vamos voltar a ser grandes outra vez.

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