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Os ratos evitam magoar-se uns aos outros

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Cientistas verificaram um comportamento alegadamente altruísta por parte de ratos, que evitavam magoar-se uns aos outros numa situação em que podiam escolher.

Sabemos que, regra geral, os seres humanos sentem-se mal ao magoarem outra pessoa. Agora, uma equipa de investigadores descobriu que os ratos também têm este sentimento. O fenómeno depende da mesma região do cérebro associada à empatia nos humanos.

Isto contraria a ideia de que apenas os humanos conseguem ter sentimentos morais e que, pelo contrário, os animais são egoístas e apenas se preocupam consigo e com as suas crias. Na fase de testes, os investigadores do Instituto de Neurociência Holandês deram aos ratos a escolher entre duas alavancas que poderiam acionar para receber dois doces diferentes.

Após os ratos desenvolverem uma preferência por uma das duas alavancas, os cientistas alteraram o sistema para que ao acionar a alavanca preferida fosse produzido um pequeno choque desagradável ao rato vizinho.

Ao repararem que o rato do lado sofria quando escolhiam o doce da alavanca preferida, os ratos mudaram a sua decisão e começaram a escolher a outra.

“Assim como os humanos, os ratos realmente acham aversivo causar dor aos outros“, explica Julen Hernandez-Lallement, o autor principal do estudo publicado este mês na revista científica Current Biology, citado pela Phys.

Além disso, a equipa de investigadores descobriu que humanos e ratos partilham a mesma região do cérebro quando sentem empatia pela dor dos outros.

“O facto de humanos e ratos usarem a mesma região do cérebro para evitar danos aos outros é impressionante. Isto mostra que a motivação moral que nos impede de prejudicar os humanos é evolucionária, profundamente enraizada na biologia do cérebro e compartilhada com outros animais”, esclareceu a coautora Valeria Gazzola.

Significa isto que os ratos preocupam-se com o bem estar um dos outros? Esta é uma pergunta difícil de responder para já. Para perceber até que ponto isto é verdade, são necessários mais estudos a abordar o assunto.

“Talvez um rato pare de pressionar a alavanca prejudicial porque não gosta de ouvir o outro rato a chiar – assim como não gostamos de ouvir um bebé a chorar num voo transatlântico. Talvez o façam porque realmente sentem pena do próximo. Não sabemos se os nossos ratos tinham uma motivação egoísta ou altruísta. Mas eu argumentaria que nem sempre sabemos os motivos por trás das boas ações dos seres humanos”, atirou o coautor Christian Keysers.

ZAP //

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