O título inicial deste artigo era “os golfinhos riem-se como nós”. No entanto, quisemos afastar possíveis acusações de estarmos a ser injustos com estes mamíferos aquáticos. O sorriso dos golfinhos é genuíno.
Um estudo publicado recentemente na iScience sugere que a boca dos golfinhos – especialmente durante brincadeiras – têm muitas semelhanças com os sorrisos humanos.
A investigação, liderada por Elisabetta Palagi da Universidade de Pisa, analisou 1.288 expressões de boca de 22 golfinhos-roazes, durante 80 horas, em dois parques de vida selvagem, em França e Itália.
Mais de 90% destes eventos ocorreram durante brincadeiras entre golfinhos; os restantes ocorrem em interações entre golfinhos e pessoas.
Como detalha a New Scientist, os animais demonstraram ter mais probabilidade de sorrir quando a sua cara estava no campo de visão do companheiro de brincadeira: 89% foram exibidas neste contexto.
Por seu turno, quando o companheiro de brincadeira viu o “sorriso”, pareceu retribuir e sorrir de volta em 33% das vezes. Elisabetta Palagi argumenta que esta imitação não é uma coincidência.
“Alguns poderão argumentar que os golfinhos imitam as expressões de boca aberta dos outros por mero acaso, uma vez que estão frequentemente envolvidos na mesma atividade ou contexto”, referiu, citada pela New Scientist.
“Mas isso não explica porque é que a probabilidade de imitar a expressão de boca aberta de outro golfinho no espaço de 1 segundo é 13 vezes maior quando o recetor vê realmente a expressão original”, acrescentou.
Palagi admite, ainda assim, que não é fácil perceber se uma expressão de boca aberta nos golfinhos transmite um estado de espírito emocional ou se apenas é usada para comunicar aos outros – do género, “não tenham medo, estou só a brincar!” -; ou então ambas as coisas.
Este comportamento de “sorrir” já tinha sido observado noutros animais, como macacos e lobos, sendo geralmente associado a brincadeiras.