O que faz um operador de câmara no meio da pista? Atletas tiveram de se desviar

Anna Szilagyi / EPA

Eliminatória dos 5.000 metros nos Jogos Olímpicos Paris 2024

“E a culpa é tua!”, aponta um britânico na direcção de um francês. Iam passar 16 atletas à final olímpica, mas passaram 22.

A prova dos 5.000 metros foi particularmente agitada na manhã desta quarta-feira, nos Jogos Olímpicos Paris 2024. E nem sequer era a final.

A primeira ronda, que dava acesso à final, iria qualificar oito atletas em cada uma das duas séries. Ou seja, iria apurar 16 atletas.

Mas, afinal, passaram 22 atletas para a final, numa manhã com dois episódios anormais para contar em Paris.

Na primeira eliminatória, e já depois de Ahmed ter caído sozinho, mesmo na última curva, outra queda.

E não foi uma queda a solo, como acontece várias vezes:

Foram quatro de uma vez. O primeiro a cair foi o britânico George Mills, que arrastou sem querer outros três atletas. A origem foi uma espécie de carga de ombro com Hugo Hay, que empurrou Mills e originou este cenário.

Logo a seguir à corrida, o furioso britânico apontou o dedo na direcção do francês, e empurrou o adversário, num apontar de culpas e desentendimento evidente ainda na pista.

“Ele empurrou-me. Poderia ter evitado. Hay é francês e estamos em França“, ironizou Mills, mais tarde, citado na Associated Press.

Mas os juízes decidiram colocar na final os quatro que caíram – Mills, Lobalu, Foppen e Ndikumwenayo (este último nem terminou a prova). E ainda McSweyn, que não caiu mas foi claramente prejudicado pela queda à sua frente.

Na segunda série, um episódio ainda mais invulgar: a quatro voltas do final, um operador de câmara de vídeo esqueceu-se que estava a decorrer uma prova na pista… e ficou no meio da pista, a estorvar a passagem dos atletas.

O profissional, que estaria a filmar o lançamento do dardo feminino, estava mesmo “noutro mundo”. Nem se apercebeu da chegada dos atletas.

Diversos atletas tiveram de se desviar um pouco do seu percurso, incluindo o favorito (e vencedor da série) Jakob Ingebrigtsen, que ainda ficou a olhar para trás, quase a perguntar ao operador de câmara “o que raio estás aí a fazer?”.

Na mesma série, houve outro qualificado “extra”: o francês Yann Schrub alegou que foi prejudicado pela queda de Abdihamid Nur (último classificado), recorreu e estará na final do próximo sábado – que terá 6 atletas a mais do que estava previsto.

Ao mesmo tempo, decorria a qualificação no salto em altura. Tamberi e Barshim ficaram na história da edição anterior dos Jogos Olímpicos, Tóquio 2020, quando decidiram partilhar a medalha de ouro nesta especialidade.

Três anos depois, o mesmo dueto, outro contexto:

Quando ia tentar superar a marca de 2,27 metros, a meio da corrida, Barshim lesionou-se. Deitou-se na relva e o primeiro a aparecer foi precisamente Tamberi. Os dois qualificaram-se para a final de sábado.

Por falar em momentos diferentes desta quarta-feira, nos Jogos Olímpicos:

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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