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OPA chinesa à EDP vai a votos (e tem morte anunciada)

Sede EDP

Os acionistas da EDP reúnem-se esta quarta-feira para a assembleia geral anual. Entre os vários pontos da agenda está a decisão de aceitar ou não a Oferta Pública de Aquisição à empresa do setor energético.

A Oferta Pública de Aquisição da EDP lançada há 11 meses pela China Three Gorges pode conhecer hoje o seu destino – e, diz o ECO, os acionistas preparam-se para rejeitar as condições oferecidas, matando as pretensões chinesas. Ao todo são nove tópicos na agenda para discussão por parte dos acionistas.

A EDP atravessa uma má fase da sua história, com o lucro da empresa a cair 53% no ano passado para 519 milhões de euros. Pela primeira vez desde 1997, a elétrica registou prejuízos de 18 milhões na operação portuguesa. Em compensação, a EDP Brasil e a EDP Renováveis registaram lucros, que evitaram uma queda maior.

A quebra no lucro consolidado acaba por não afetar os acionistas, que, segundo o ECO, vão receber a mesma remuneração do ano anterior. Por decisão do conselho de administração, o dividendo será de 19 cêntimos por ação. O CEO António Mexia decretou ainda que este seria o mínimo para os próximos anos.

“Deliberar sobre os documentos de prestação de contas individuais e consolidadas do exercício de 2018” é o primeiro tópico da assembleia geral. Apesar de abrir com este assunto, o tema principal é a OPA chinesa à empresa, que esta quarta-feira toma uma das decisões mais importantes da sua história.

Será também discutida a aposta nas energias renováveis, que em 2018 foram altamente rentáveis à empresa do setor energético. Aliado a este investimento, a EDP procura ainda diminuir a dívida, aproveitando os lucros para expandir o negócio.

A agenda prevê ainda o pedido de autorização aos acionistas para o conselho de administração da EDP adquirir e alienar ações e obrigações próprias.

O fundo Elliott, que se manifestou contra a OPA da China Three Gorges, sugeriu algumas mudanças, que António Mexia teve em consideração no plano estratégico para o período 2019-22. O plano foi apresentado por Mexia no mês passado, mas, realça o ECO, deixa em aberto um programa de recompra de ações de 1,2 mil milhões de euros.

A polémica recente com os elevados salários dos gestores das empresas do PSI-20, entre os quais Mexia foi listado como o CEO mais bem pago, levou a que sejam discutidos também na assembleia geral as propostas da comissão de vencimentos para os salários dos membros do conselho de administração executivo.

O futuro incerto da EDP

A Assembleia Geral da EDP está sem presidente há nove meses, após António Vitorino ter renunciado ao cargo. O novo presidente da AG deverá ser Luís Palha da Silva, atual presidente executivo da Pharol. A China Three Gorges é uma das entidades acionistas que apoia a eleição do gestor.

A muito provável eleição de Palha da Silva põe então fim a um período de nove meses sem presidência na Assembleia Geral e a um desentendimento entre os acionistas sobre quem deveria assumir o cargo. Pode também ser decisivo para a decisão de terminar (ou não) com a OPA.

A Oferta Pública de Aquisição será o último e mais importante ponto da agenda a ser discutido. O ECO explica ainda que o fundo Elliott pediu que seja votado o fim da limitação de 25% aos direitos de voto dos acionistas. O fundo norte-americano mostrou-se contra a alteração.

A CMVM já informou que, se os acionistas apoiarem o fundo Elliott, a OPA pode ser extinta. Isto porque a desblindagem dos estatutos é um dos requisitos para a oferta avançar, de forma a que haja uma isenção daqueles que venham a controlar ou a ser controlados pela oferente. A CTG concorda e admite que a OPA pode cair, caso isto se verifique.

ZAP //

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