A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou, esta quarta-feira, que a dexametasona não é “um tratamento ou profilaxia” para o novo coronavírus, salientando que só deve ser usado em doentes com casos graves de covid-19.
“Este é um dos muitos avanços de que vamos precisar para combater a covid-19”, afirmou o diretor executivo do programa de emergências sanitárias da organização, Michael Ryan, em conferência de imprensa online a partir da sede da OMS, em Genebra.
Questionado se o medicamento poderá ser usado em testes mais alargados em doentes com casos graves da doença, Ryan respondeu que “ainda não é altura de alterar as práticas clínicas”, frisando que é preciso treinar o pessoal médico na utilização do medicamento, que revelou efeitos positivos em doentes que tiveram que ser colocados a oxigénio ou com ventilação pulmonar.
O epidemiologista irlandês notou que a dexametasona intervém nas manifestações pulmonares da covid-19, ajudando doentes com dificuldades extremas em respirar, e que não é um medicamento antiviral.
O presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, disse que Portugal tem e está a usar dexatemasona, eventualmente em casos de covid-19, mas aguarda por “informação mais detalhada” sobre o estudo dos cientistas britânicos.
O responsável pela Autoridade Nacional do Medicamento “admitiu” que o medicamento “esteja a ser usado em Portugal em doentes infetados com covid-19”, notando ser necessário aguardar pela “análise dos dados” do estudo de Oxford.
“A dexametasona é um medicamento comum. Não se dirige especificamente à infeção por covid-19. O que demonstraram estes estudos, cujos primeiros dados foram divulgados, foi que, em doentes ventilados ou a precisar de oxigénio, com situações inflamatórias mais graves, há um efeito reduzido de mortalidade. É neste tipo de situação que parece que a dexametasona vai ser boa. O medicamento está em utilização no Serviço Nacional de Saúde”, afirmou.
De acordo com Rui Santos Ivo, nos primeiros quatro meses do ano, foram usadas em Portugal 200 mil unidades daquele medicamento. “Os médicos poderão, em situações que considerem que se justifica, optar por esta administração”, observou.
O responsável do Infarmed alertou que, relativamente ao tratamento de doentes covid-19, o país deve “aguardar pela análise dos dados” abordados no estudo da Universidade de Oxford. A intenção, explicou, é conhecer “em detalhe quais as condições consideradas na administração das terapêuticas destes doentes”.
Rui Santos Ivo adiantou ainda que a “monitorização regular indica que o medicamento está disponível” em Portugal. “É uma situação perfeitamente assegurada“, disse.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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