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OMS apela a acelerar vacinação na Europa. Johnson & Johnson pede aprovação de vacina nos EUA

O diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) no continente europeu disse que a Europa deve acelerar a vacinação contra a covid-19, admitindo estar “preocupado” com o impacto das novas variantes do vírus na eficácia das vacinas.

“Temos de unir forças para acelerar a vacinação”, disse Hans Kluge, diretor regional da OMS, em entrevista à agência de notícias France-Presse (AFP).

Recordando que a campanha de imunização na União Europeia (UE) teve um início difícil, num cenário de escassez de vacinas e tensões entre Bruxelas e alguns fabricantes, o responsável apelou às farmacêuticas para trabalharem nesse sentido.

“As empresas farmacêuticas, habitualmente concorrentes, têm de trabalhar em conjunto para aumentar drasticamente a capacidade de produção, é disso que precisamos”, insistiu.

Na UE, a proporção da população que recebeu uma primeira dose ronda apenas os 2,5%, segundo a mesma fonte.

Questionado sobre se as vacinas que estão no mercado desde dezembro permanecerão eficazes contra as novas variantes detetadas no Reino Unido, Brasil e África do Sul, Kluge disse que “essa é a grande questão”, e reconheceu que está “preocupado”, prevendo novas mutações.

“É um aviso cruel de que o vírus ainda leva vantagem em relação aos humanos, mas não é um vírus novo, é uma evolução de um vírus que está a tentar adaptar-se ao hospedeiro humano”, disse.

Dos 53 países da Região Europeia da OMS (incluindo vários países da Ásia Central), 37 registaram casos relacionados com a nova estirpe detetada em dezembro no Reino Unido e 17 casos da estirpe da África do Sul, de acordo com os dados mais recentes.

Apesar disso, o responsável da OMS Europa permanece otimista.

“Penso que o túnel é um pouco mais longo do que pensávamos em dezembro, mas ainda deverá ser um ano mais fácil que o ano passado“, disse à AFP.

O marco de 100 milhões de doses de vacinas administradas em todo o mundo foi ultrapassado na terça-feira, com 65% administradas nos países ricos.

“Sabemos que na UE, Canadá, Reino Unido e EUA foram feitas encomendas de quatro a nove vezes as doses necessárias. Portanto, não precisamos de atingir 70% [de pessoas vacinadas] para partilhar com os Balcãs, Ásia Central ou África”, afirmou, reiterando os apelos da OMS para que a UE compartilhe vacinas com os países mais pobres.

“Talvez quando os países da UE atingirem 20% da vacinação – e 20% inclui as pessoas idosas, pessoal de saúde e pessoas com comorbidades – seja altura de partilhar as vacinas”, sustentou.

Johnson & Johnson pede aprovação de vacina nos EUA

A Johnson & Johnson pediu quinta-feira às autoridades sanitárias dos Estados Unidos autorização da sua vacina contra a covid-19, e prepara-se para apresentar igual pedido aos reguladores europeus.

A vacina, que revelou nos ensaios clínicos níveis de eficácia inferiores aos das desenvolvidas pela Pfizer e Moderna, será avaliada pela Administração para a Alimentação e Medicamentos (FDA, na sigla inglesa) e por avaliadores independentes ao serviço das autoridades, podendo tornar-se na terceira vacina em utilização nos EUA e a primeira de dose única, no país com mais casos registados de covid-19, quase 26,6 milhões.

De acordo com a empresa, em breve será apresentado um pedido semelhante junto dos reguladores europeus.

A Johnson & Johnson adianta que, assim que for concedida aprovação, terá doses de vacinas prontas para expedição, e que até junho poderá fornecer 100 milhões de doses nos Estados Unidos.

Peter Marks, responsável da FDA para a vacinação, afirmou recentemente que, na situação em que se encontra, “com tanto para fazer para controlar a pandemia”, é impossível “desperdiçar munições”.

A vacina da Johnson & Johnson revelou uma eficácia de 66% na prevenção de casos de covid-19 moderados e severos, num estudo com 44 mil indivíduos nos Estados Unidos, América Latina e África do Sul.

Em relação aos sintomas mais graves, foi mais eficaz (85%) e, 28 dias depois da vacina, não se registou qualquer caso de hospitalização ou morte.

As vacinas Pfizer e Moderna revelaram, em ensaios clínicos em grande escala nos Estados Unidos, uma eficácia de 95% na proteção para a covid-19 – ainda que os dados sejam anteriores à última vaga e, em particular, ao aparecimento de novas estirpes.

Na quarta-feira, o governo britânico defendeu que um estudo da Universidade de Oxford sobre a vacina AstraZeneca para a covid-19 valida a decisão de retardar a segunda dose, estratégia rejeitada por países como os Estados Unidos.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou que mais de 10 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose de uma das várias vacinas contra a covid-19, no Reino Unido, e que quase meio milhão de pessoas já receberam ambas as injeções.

Nos Estados Unidos, o principal perito em doenças infecciosas, Anthony Fauci, também se mostrou contra o adiamento da segunda dose da vacina. Os Estados Unidos, adiantou, irão “seguir a ciência” e dados dos ensaios clínicos.

As duas doses das vacinas usadas nos Estados Unidos, as da Pifzer e Moderna, devem, respetivamente, ser dadas com intervalos de três e quatro semanas.

ZAP // Lusa

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