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“Qualquer dia a bolha ia rebentar: é um unicórnio”. Ninguém sabe o que vai acontecer à Farfetch

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Techcrunch / Flickr

José Neves, o diretor executivo e fundador da Farfetch

O futuro da Farfetch é uma incógnita. Depois do anúncio da venda da empresa ao grupo sul-coreano Coupang, impera a “incerteza”, mas há trabalhadores que previam que “a bolha ia rebentar” porque, afinal, estamos a falar de “um unicórnio”.

A Farfetch está insolvente e vai ser vendida à Coupang, conhecida como a “Amazon sul-coreana”, numa operação financeira que passa por um empréstimo de cerca de 458 milhões de euros para evitar a falência.

Em troca, os sul-coreanos ficam com todos os activos da empresa. É quase como se a Farfetch pagasse para ser comprada.

No centro empresarial Lionesa Business Hub, em Matosinhos, que acolhe um dos maiores pólos da Farfetch em Portugal, vivem-se dias de “grande incerteza”, como apurou o Jornal de Negócios junto de trabalhadores da empresa neste local. Ninguém sabe o que o futuro lhes reserva.

Mas já havia, entre alguns deles, receios de que um cenário destes pudesse acontecer. “Já antes de entrarmos para a empresa achávamos que qualquer dia a bolha ia rebentar“, desabafa ao Negócios um profissional da área tecnológica que está há três anos na empresa e que prefere não ser identificado.

Este profissional explica que tinha esta ideia “por tudo o que os unicórnios representam“. “Não é uma empresa que cresce organicamente, depende sempre de investimentos que trazem riscos e aqui encheram demasiado”, conclui.

A queda daquele que foi designado como “o primeiro unicórnio português”, por ter atingido uma avaliação de mil milhões de euros, continua a ser um grande mistério.

Não é muito claro o que aconteceu à Farfetch e o futuro da empresa também está envolto em dúvidas.

Fundador da Farfetch pediu desculpa aos trabalhadores

A perspectiva geral é de que, até ao final do ano, nada mude. O fundador da empresa, José Neves, e toda a equipa executiva mantêm-se em funções, pelo menos, para já.

O empresário português pediu desculpa aos funcionários por lhes ter causado “alguma preocupação” e por não os ter mantido “a par antes desta saída”, como vincou José Neves numa mensagem distribuída por escrito aos funcionários e à qual o Público teve acesso.

Nessa mensagem, José Neves informa também os trabalhadores de que, tal como os accionistas, “não obterão qualquer valor dos seus títulos, tenham já sido adquiridos e convertidos ou não”.

A empresa tinha a prática de pagar prémios de desempenho na forma de títulos convertíveis em acções. Assim, os trabalhadores que não converteram, ou não venderam as suas acções, ficam efectivamente sem os prémios que ganharam, apesar de terem pago impostos ao Estado por os terem recebido.

Entre tantas dúvidas, a própria continuidade de José Neves é uma incógnita. Nesta altura, o fundador da Farfetch só terá “0,11% do capital“, segundo apurou o Negócios, e o seu futuro estará, basicamente, nas mãos dos sul-coreanos.

Mas a própria marca Farfetch pode não sobreviver.

Nesta quarta-feira, o director-geral da empresa, Luís Teixeira, deverá reunir-se com os trabalhadores, como adianta o Público, mas não se esperam grandes novidades.

ZAP //

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