Gigante do comércio eletrónico fica com ativos da Farfetch, salvando-a da insolvência. A plataforma é assim liquidada e sai da bolsa com perda total para investidores e trabalhadores com ações. Cai acordo com a Richemont.
O acordo está fechado. A sul-coreana Coupang vai comprar a Farfetch, num negócio que envolve 500 milhões de dólares (457 milhões de euros).
A oferta do grupo de e-commerce sul-coreano envolve a aquisição pelos ativos e pelo negócio da plataforma de moda de luxo, num “milagre de Natal” que salva a empresa de entrar em insolvência.
“Este empréstimo fortalece o nosso balanço e assegura que os clientes da Farfetch, as lojas e as marcas não vão ser afetadas pela transação”, escreveu o empresário José Neves em declaração dirigida aos seus trabalhadores, segundo o jornal ECO.
“O negócio da Farfetch pode continuar a operar com nova propriedade privada, um balanço mais forte e uma posição de liquidez reforçada”, acrescenta.
A venda significa, no entanto, perda total para os investidores, que ficam de fora — incluindo os funcionários com ações: “não realizarão nenhum valor das suas participações adquiridas e não adquiridas”, garante o fundador.
Para continuar a operar normalmente, a empresa fundada por José Neves recebe agora do consórcio formado pela Coupang e por fundos da Greenoaks o empréstimo milionário com um juro associado de 12,5%, através da joint-venture Athena Topco criada para o efeito — A Coupang fica com 80,1%; a Greenoaks com 19,9%.
O negócio também prevê um acordo com os detentores de 80% da dívida da Farfetch no valor de 600 milhões de dólares.
A saída da bolsa afeta diretamente os trabalhadores das fábricas da empresa, uma vez que a Farfetch paga prémios de desempenho com ações, ou mais precisamente, com “restricted stock units” (RSU), uma forma de compensação oferecida por empresas aos seus empregados e funcionam como opções de ações, mas têm diferenças significativas.
Ao contrário das opções de ações, que oferecem o direito de comprar ações a um preço específico, as RSU dão ao empregado o direito de receber ações após um período de vesting, normalmente ligado ao tempo de serviço ou a objetivos de performance.
Quando esse período termina, as ações são atribuídas ao empregado, que pode vendê-las ou mantê-las, mas as RSU são tributadas no momento da atribuição, baseando-se no valor de mercado das ações.
Coupang: a Amazon da Coreia do Sul
Fundada em 2010 por Bom Kim, ex-aluno da Escola de Negócios de Harvard, a Coupang começou como um negócio diário no estilo Groupon, mas rapidamente mudou seu foco para o comércio eletrónico.
O modelo de negócios da Coupang inclui vários serviços, como Rocket Wow, um serviço pago semelhante ao Amazon Prime, que oferece entrega gratuita ou em um dia e descontos em determinados produtos. O Rocket Fresh é um serviço de entrega de alimentos frescos, enquanto o Coupang Eats e o Coupang Play oferecem serviços de entrega de restaurantes e streaming de vídeo, respetivamente.
Além de sua base na Coreia do Sul, a Coupang expandiu suas operações para o Japão e Taiwan e tem escritórios em Pequim, Xangai, Los Angeles, Seattle e Singapura.
“Silêncio quase total” numa “casa a arder”
A empresa, que chegou a valer 1000 milhões de euros, vive uma queda a pique a nível financeiro e já equacionava sair do mercado bolsista, onde entrou em 2018 com ações a rondar os 18 euros cada; subiu até aos 70 euros, mas atualmente o seu valor ronda os 64 cêntimos.
Nos últimos dias, noticiou-se que a Farfetch podia vir a dispensar 25% do total de trabalhadores após meses de quedas abruptas nas ações.
Entre 1700 e 2000 trabalhadores em risco de ficarem desempregados, avançaram vários trabalhadores da fábricas assentes no Porto e Guimarães ao jornal Público esta terça-feira.
A empresa começou por cancelar a apresentação dos resultados trimestrais. Depois, surgiram rumores de que o grupo Richemont não pretendia colocar mais dinheiro na Farfetch, e notícias de que estaria em conversações com investidores para retirar-se da Bolsa de Valores de Nova Iorque.
“A Farfetch irá dedicar-se novamente a fornecer a experiência mais elevada para as marcas mais exclusivas do mundo, ao mesmo tempo que procura um crescimento constante e ponderado como empresa privada. Também vemos enormes oportunidades para redefinir a experiência do cliente para clientes de luxo em todo o mundo”, afirmou Bom Kim, fundador e CEO da Coupang, em comunicado.
“O histórico comprovado e a profunda experiência da Coupang em revolucionar o comércio vão permitir-nos oferecer um serviço excecional para as nossas marcas e boutiques parceiras, bem como para os nossos milhões de clientes em todo o mundo“, acrescentou José Neves.
O unicórnio dos aldrabões! Ainda estou á espera das contas e esclarecimentos!
Será que empresas portuguesas só são boas para a corrupção?!
O que devemos esperar da nossa sociedade e empresários, se quem nos governa é igual ou pior? 😉
Este senhor chegou até ser premiado pelo Ex.mo Sr. Presidente da República, pelo modelo de negócio que ele “inventou” quando na altura ainda nem sabia aonde é que se ia meter… bom exemplo, de sucesso e derrota!
Ascensão e queda!
Sonhos de utopia e imortalidade, desejo de poder, e ambição de grandeza.