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PCP avisou o Governo. O “descontentamento” pode passar ao “desespero”

Tiago Petinga / Lusa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

No seio do PCP, há receios de que o Governo esteja a encarar a crise de forma demasiado otimista e exige-se uma resposta rápida e preventiva.

Há uma semana, antes da apresentação das novas medidas de apoio económico, o PCP transmitiu as suas preocupações ao Governo. Apesar de o Executivo ter incluído nos apoios diretos alguns setores, como as padarias, o partido de Jerónimo de Sousa classificou as medidas como “tímidas” e não se mostrou muito satisfeito com as mesmas.

“As medidas anunciadas pelo Governo ficam aquém das necessidades e da resposta que é preciso dar aos trabalhadores, a quem está em situação de desemprego ou aos micro, pequenos e médios empresários”, referiu o partido, citado pelo Expresso.

“Os laivos de descontentamento que existem podem transformar-se numa coisa mais complicada: do descontentamento passar ao desespero“, alertou o PCP.

O partido também não está muito feliz com as medidas de apoio social prometidas no Orçamento do Estado, que ajudou a viabilizar.

O novo apoio social foi anunciado como a prestação que permitiria compensar as perdas de rendimentos, mas, segundo dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), desde janeiro foram pagos 115 milhões de euros a 190 mil beneficiários do conjunto dos diferentes apoios ao rendimento, não mostrando os dados desagregados.

O Expresso explica que tal significa que não se sabe quantos trabalhadores recebem a nova prestação; quantos recebem os apoios recuperados de 2020; nem o valor médio das prestações.

Os números mostram que, em janeiro, houve 104 mil independentes a recorrer ao apoio por redução de atividade e mais de 97 mil em fevereiro. No mesmo mês, houve 59 mil pessoas que pediram acesso ao Apoio Extraordinário ao Rendimento dos Trabalhadores (AERT) e em fevereiro 26.556, sendo que o gabinete de Ana Mendes Godinho não diz quantos AERT foram já diferidos, nem o valor médio da prestação.

Cruzando as categorias, conclui-se que há mais trabalhadores nos apoios antigos do que no novo apoio criado para os substituir.

Fonte comunista disse ao semanário que o AERT é “tímido face a uma realidade de aumento de situações de desemprego e de desproteção social” e que o seu valor fica “aquém do necessário” – sem que se saiba quantos recebem o valor mínimo (50 euros) ou o valor máximo (501 euros).

José Soeiro, do Bloco de Esquerda, disse ao semanário que se percebe “que o apoio de 2021 não era suficiente, tanto que tiveram de repescar os apoios de 2020 e agora até os prolongam até junho”. “Agora, ou os apoios antigos funcionam o ano inteiro ou vão ter de mudar as regras do AERT para poder abranger as pessoas que precisam”, acrescentou.

Por sua vez, o PAN defende uma “revisão dos apoios para garantir que ninguém fica para trás”, porque os ­atuais são “insuficientes”. A maioria traduz-se “no adiamento de obrigações fiscais”, sublinhou Inês Sousa Real.

ZAP //

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