O limite humano de idade é de 20.000 anos, assegura investigador português

4

Universidade de Birmingham

João Pedro de Magalhães, professor de biogerontologia molecular no Instituto de Inflamação e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, no Reino Unido

Os seres humanos têm potencial para viver entre 1.000 e 20.000 anos. Se fizermos progressos suficientes nas técnicas de reparação e reprogramação do ADN, podemos enganar a morte, diz o investigador português João Pedro de Magalhães.

Se a investigação sobre novas terapias genéticas desvendar completamente os mecanismos do envelhecimento, não só ganharemos décadas de vida, como se estima atualmente, mas poderemos potencialmente viver entre 1.000 e 20.000 anos.

Esta é a convicção de João Pedro de Magalhães, professor de biogerontologia molecular no Instituto de Inflamação e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

As novas terapias genéticas e os milhares de milhões que estão a ser investidos na descoberta de formas de prevenir o envelhecimento do nosso corpo prometem fazer-nos viver mais tempo e com mais saúde.

No entanto, este é apenas o primeiro passo do que está para vir, diz o investigador português, formado em Microbiologia na Escola Superior de Biotecnologia da UCP, no Porto.

Depois de estudar os genomas de animais muito longevos, como a baleia-da-Gronelândia, que tem uma esperança de vida de 200 anos, ou a ratazana-toupeira-nua, que pode viver 30 anos — enquanto outros roedores vivem apenas alguns — o investigador português acredita que o futuro promete retardar completamente o processo de envelhecimento.

Mas primeiro é preciso descobrir como eliminar o seu efeito a nível celular, diz o El Confidencial.

O que falta, diz o investigador portuense, é aprender a reparar o ADN e a reprogramar as células para um processo de envelhecimento drasticamente diferente.

“A minha teoria”, explicou em 2023 numa entrevista à Scientific American, “é que temos um conjunto muito complicado de programas informáticos no nosso ADN que nos transformam em humanos adultos. Mas talvez alguns desses mesmos programas, à medida que continuamos na idade adulta, se tornem prejudiciais.

O investigador argumenta que vários animais de vida longa, como os humanos, as baleias e os elefantes, têm de lidar com problemas semelhantes, como o cancro, que lhes encurtam a vida.

No entanto, os seus corpos usam truques moleculares diferentes para atingir essa longevidade. As baleias da Gronelândia, por exemplo, parecem reparar o ADN muito melhor do que outras espécies.

Também foram descobertos genes como o P53, que está associado à capacidade de suprimir o cancro, e que Magalhães acredita ser um dos factores-chave para este envelhecimento mais lento. Mas diz que pode haver outros genes que valha a pena analisar.

Um problema de software

Se o envelhecimento é programado, argumenta Magalhães, seria possível, em teoria, reprogramar as nossas células modificando os genes envolvidos no envelhecimento. Algo que parece ficção científica atualmente, mas que poderá ser viável dentro de alguns anos.

Magalhães aponta os avanços científicos dos últimos anos como exemplo. O seu bisavô, conta, morreu nos anos 20 de pneumonia, uma das principais causas de morte na altura, mas depois da descoberta da penicilina, essa doença pode ser curada com uma simples dose de penicilina.

O mesmo pode acontecer com o envelhecimento, diz Magalhães, que afirma ter dedicado a sua carreira a encontrar formas de “enganar a morte“.

“Não creio que em breve tenhamos um medicamento que ‘cure’ o envelhecimento como a penicilina cura as infeções. Mas um composto chamado rapamicina é bastante prometedor. Prolonga a vida em 10 a 15% nos animais e está aprovado para uso humano, por exemplo, em recetores de transplantes de órgãos. No entanto, tem efeitos secundários“, salienta.

“Estou otimista quanto ao desenvolvimento de medicamentos semelhantes às estatinas, tomadas diariamente para reduzir o risco de doenças cardíacas, que tomamos todos os dias para fins de longevidade. Se conseguíssemos abrandar o envelhecimento humano em 10% ou mesmo 5%, isso seria fantástico“, salienta.

No entanto, para atingir os 20.000 anos seriam necessárias células capazes de travar o processo de envelhecimento celular. “Há alguns anos, fiz alguns cálculos e cheguei à conclusão de que, se conseguíssemos ‘curar’ o envelhecimento humano, a esperança média de vida humana seria superior a 1000 anos.

De acordo com o investigador português, “a esperança máxima de vida, salvo acidentes e mortes violentas, poderia ser de 20.000 anos“.

“Pode parecer muito, mas algumas espécies já conseguem viver centenas, e, em alguns casos, milhares de anos, como a esponja hexactinelídea e o pinheiro-do-Alepo da Grande Bacia”, exemplifica.

Se pudéssemos redesenhar a nossa biologia para eliminar o cancro e contornar as ações nocivas do nosso programa de ‘software’ genético, os benefícios para a saúde seriam espantosos”, conclui João Pedro de Magalhães, cuja pesquisa sobre imortalidade humana pode ser acompanhada aqui.

Recentemente, o famoso futurista Raymond Kurzweil profetizou que os avanços na tecnologia de nano-robôs vão prolongar sucessivamente a vida humana, e que o primeiro humano que vai viver mil anos já nasceu.

João Pedro de Magalhães vai mais longe: esse mesmo humano pode até chegar aos 20.000 anos de vida.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

4 Comments

  1. Mil anos ? A fazer o quê ? A chatearmo-nos uns aos outros ? E quem paga as reformas ?
    Alguém pediu isso? Tenham juízo !!!

  2. Não sei o que este suposto professor de biogerontologia molecular fuma, mas deve ser qualquer coisa de potente… Tão novo e já com o cerebro todo queimado…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.