O “desnorte” do PSD dá a Montenegro mais tempo para evitar a confrontação e estabelecer-se como candidato único

2

José Coelho / Lusa

O ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro

Rui Rio não pretende acelerar o processo e já fez saber aos seus mais próximos que não se irá demitir.

A intransigência de Rui Rio quanto à sua saída e ao calendário em que esta ocorrerá está a gerar preocupação e até revolta junto de alguns nomes do PSD, que entendem que o ainda líder deve acelerar a saída face ao mau resultado eleitoral conseguido nas eleições legislativas de 30 de janeiro. Os nomes que têm sido falados pela comunicação social como possíveis candidatos também não reúnem consenso, com Miguel Poiares Maduro, antigo ministro dos sociais-democratas a descrever o processo como “uma escolha entre alternativas imperfeitas”.

Segundo o semanário Expresso, no Conselho Nacional do partido, Rui Rio escusou-se a fazer um mea culpa relativamente à derrota histórica nas legislativas, com o líder a enumerar as razões do resultado e a fazer referência, por exemplo, à máquina de propaganda do PS e ao crescimento de um eleitorado dependente do Estado e, consequentemente, menos sensível à mensagem que o PSD pretendia passar.

Rio reafirmou o seu entendimento de que o partido se apresentou a eleições com um posicionamento correto, ao centro, e que não devem existir mudanças no que respeita à tática ou ao marketing eleitoral. Por outras palavras, o líder não mudaria a estratégia com que se submeteu a votos e acabou por sofrer uma das derrotas mais pesadas da história do partido.

Como não é de estranhar, há quem discorde desta visão. Miguel Relvas, por exemplo, em declarações ao semanário diz que “o centro não existe em política: é um eleitorado com sentido de oportunidade“. O antigo ministro considera ainda que o PSD “precisa de uma liderança e tem de ser rápido, porque os partidos à direita querem afirmar-se e isso faz-se nos primeiros meses“.

No entanto, no calendário indefinido do PSD é Rui Rio quem tem o poder de desbloquear todo o imbróglio, já que tem sempre a hipótese de se demitir. De acordo com uma fonte do partido, em declarações ao semanário, o líder pode estar a prolongar a saída para “mitigar” os efeitos do resultado eleitoral. O próprio líder do PSD já admitiu a ideia de se manter no cargo para fazer reformas estruturais com António Costa e até cumprir o mandato até ao fim.

No entanto, o semanário aponta que este não é um cenário que esteja nos planos de Rio ou da sua direção. Na próxima semana, o órgão dverá reunir-se para dar seguimento à recomendação do Conselho Nacional: após a repetição das eleições no círculo da Europa, o partido terá novo Conselho Nacional para, depois, marcar a data das diretas. Desta forma, Luís Montenegro, apontado como o mais provável candidato, terá mais “20 dias de silêncio” e dará continuidade à sua tática de não confrontação para não desequilibrar os apoios da máquina do partido.

ZAP //

2 Comments

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.