O confinamento por covid-19 envelheceu o cérebro das raparigas

Uma equipa de cientistas descobriu que o cérebro dos rapazes e das raparigas apresentou um envelhecimento prematuro de regiões occipitais durante o confinamento por covid-19.

Segundo o IFL Science, as raparigas foram mais afetadas do que os rapazes. Esta situação sugere que os cérebros femininos são mais vulneráveis a mudanças no estilo de vida resultantes da pandemia.

Para muitas pessoas, mas especialmente para os adolescentes, as medidas de distanciamento social e as perturbações das rotinas diárias tiveram impactos negativos na sua saúde mental.

Num novo estudo, publicado esta segunda-feira no Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores compararam exames de ressonância magnética de pessoas com idades compreendidas entre os 12 e 16 anos em 2021 e 2022, após confinamentos, com exames anteriores à pandemia.

Através da análise, descobriram que além das cortes posteriores apresentarem sinais de afinamento cortical acelerado, também há uma discrepância entre os géneros. Nos rapazes, apenas duas regiões do cérebro apresentam um afinamento cortical acelerado, enquanto que o cérebro das raparigas apresentam 30 áreas, em ambos os hemisférios e em todos os lobos.

A região do cérebro mais afetada localiza-se no lobo occipital e pode ter impacto no processamento visual dos rostos das pessoas. Nas mulheres, as regiões mais afetadas estão todas relacionadas com a cognição social, especialmente as responsáveis pelo processamento da linguagem, interpretação de expressões faciais e processamento de emoções.

“Através do cálculo da aceleração da idade média com base em todo o cérebro, descobrimos que a magnitude de aceleração da idade é mais do dobro nas mulheres (4,2 anos) do que nos homens (1,4 anos)”, explicam os autores do estudo.

A razão de existirem diferenças tão acentuadas entre os géneros ainda se desconhece, no entanto, os cientistas acreditam que os rapazes e as raparigas respondem de diferentes formas ao stress.

As relações entre pares são essenciais para o desenvolvimento da auto-identidade  nas mulheres adolescentes, que também dependem dessas relações para apoio emocional, enquanto que os homens tendem a usar essas relações para companheirismo e atividades partilhadas em vez desse mesmo apoio.

Assim, este estudo demonstra a necessidade de acompanhamento e apoio contínuo aos adolescentes que sofreram com a pandemia.

Soraia Ferreira, ZAP //

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