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Nutritiva, económica, saborosa. Cientistas sul-coreanos cultivam carne em grãos de arroz

Park, S. et al / Yonsei University

A carne cultivada em laboratório é uma das formas de aliviar a escassez de recursos do planeta causada pelo excesso de população. Os cientistas encontraram uma forma inovadora de o fazer: um alimento híbrido, composto por carne de bovino cultivada dentro de grãos de arroz.

Num estudo inédito, uma equipa de cientistas sul-coreanos criou em laboratório um novo alimento híbrido, composto por células de gordura e músculo bovino cultivadas dentro de grãos de arroz.

O estudo, conduzido na Universidade Yonsei, em Seul, foi apresentado num artigo publicado esta semana na revista Matter.

“Esta abordagem inovadora poderá ajudar a baixar a pressão ambiental causada pela crescente procura de produtos alimentares da população do planeta e pelos métodos convencionais de pecuária que a ela tentam dar resposta”, explica Sohyeon Park, primeira autora do artigo, em nota publicada no EurekAlert.

O peculiar produto, que se apresenta sob a forma de grãos pegajosos e rosados, é constituído por uma mistura de células musculares e de gordura bovina cultivadas em arroz, oferece uma alternativa nutritiva aos tradicionais pratos de carne e arroz.

O arroz híbrido, que aproveita o alto teor de nutrientes do arroz, enriquecido com o conteúdo proteico das células animas, promete ajudar a reduzir significativamente a pressão alimentar, sem o custo ambiental da produção de carne tradicional.

“Imagine só, obtermos todos os nutrientes de que necessitamos a partir de células de proteína cultivadas em arroz”, diz Park. “O arroz já tem um elevado teor nutritivo, mas juntar-lhe células de gado bovino aumenta esse teor ainda mais“.

A sua produção envolve revestir grãos de arroz com gelatina de peixe e enzimas, para facilitar a aderência e o crescimento de células estaminais de músculo e gordura de vaca.

Park, S. et al / Yonsei University

Estes grãos servem de suporte ao crescimento das células, imitando a estrutura celular encontrada nos tecidos biológicos, permitindo que as células de carne se desenvolvam ao longo de 9 a 11 dias.

O novo alimento confere um perfil de sabor único ao arroz, enriquecido pelas células de carne, oferecendo possibilidades excitantes do ponto de vista culinário.

Mas, ainda mais excitante, explica Sohyeon Park, tem um custo estimado que rondará os 15% do preço da carne convencional por quilograma.

“Por cada 100g de proteína produzida, o nosso arroz híbrido liberta certa de 6kg de CO2, enquanto a carne tradicional liberta 50kg. E enquanto um quilo de bife pode custar uns 12 ou 14 euros, um quilo deste arroz andará pelos 2 euros“, detalha a investigadora.

ZAP //

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