Um quadro de Adolf Hitler pode ser destruído, em direto, na televisão. Tudo depende da escolha do público de um novo programa britânico.
O Channel 4, um dos maiores canais televisivos do Reino Unido, comprou uma pintura da autoria de Adolf Hitler. Num novo programa de televisão, uma audiência ao vivo terá uma séria escolha em mãos: destruir ou salvar a obra?
O quadro de Hitler é apenas uma entre outras obras de autores “problemáticos” que vão ser usadas no programa “Art Trouble”. Uma obra do pedófilo Rolf Harris e do agressor sexual Eric Gill, além de um vaso do mulherengo Pablo Picasso são outros exemplos, escreve a VICE.
A possível destruição das obras de arte é feita em estilo, com recurso a um lança-chamas. O programa televisivo, que vai ter apenas um único episódio, vai ser apresentado pelo comediante Jimmy Carr.
“Uma exploração profundamente provocativa dos limites da liberdade de expressão na arte e se podemos separar o calibre moral do artista do valor do seu trabalho”, lê-se no comunicado da estação televisiva.
A emissora pretende explorar a capacidade da sociedade distinguir a arte do artista e debater “o que devemos fazer com a arte histórica que consideramos ofensiva ou foi criada por artistas que agora foram cancelados”.
Antes de o público decidir se quer ou não destruir a obra de arte, alguns defensores de cada obra terão a oportunidade de tentar convencer a audiência de que esta merece ser salva — sem, no entanto, defender o artista.
“Haverá alguém a argumentar não pelo Hitler, mas pelo facto de que o seu caráter moral não deve decidir se uma obra de arte existe ou não”, explicou o diretor de programação do Channel 4, em declarações ao jornal britânico The Guardian.
A CEO do Holocaust Memorial Day Trust, Olivia Marks-Woldman, disse: “Não há nada divertido ou risível sobre Hitler ou o assassinato de seis milhões de judeus e a perseguição de outros milhões. Este episódio do programa de televisão, Art Trouble, está a fazer de Hitler um tema de entretenimento leve – isso é profundamente inapropriado e num momento de crescente distorção do Holocausto, perigosamente banalizador”.
“A questão de até que ponto a arte pode estar ligada aos seus criadores é importante, mas este programa é simplesmente um golpe de valor de choque e não pode desculpar a banalização dos horrores do nazismo”, acrescentou Marks-Woldman, citada pelo jornal inglês i.
A responsável do Holocaust Memorial Day Trust criticou ainda a escolha de um comediante para apresentar o programa.
“Escolher Jimmy Carr para liderar este episódio é deliberadamente provocativo e inflamatório, dada a sua história de usar o assassinato de ciganos e sinti pelos nazis e seus colaboradores para obter ganhos cómicos”, atirou.
No passado mês de setembro, a obra “Fantasmas Sinistros” (1944), de Frida Kahlo, avaliada em dez milhões de dólares foi queimada pelo empresário Martin Mobarak.
O norte-americano justificou a ação como um processo para converter a obra em 10.000 NFT, um registo único digital inserido numa cadeia de ‘blockchain’, o sistema usado para as criptomoedas.
O Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura (INBAL) do México disse estar a investigar a destruição da obra original da pintora mexicana.
A Estupidez Humana não tem limites ! …. Há Individus que são para esquecer e não enaltecer , mesmo se pretendem o contrario !
Espero que escolham destruir a porcaria. Mas o mundo anda a ficar virado do avesso com o aparecimento de fanáticos….que sabe-se lá o que vão decidir.