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Novo governador do BdP. Costa promete ouvir partidos (mas decidirá sozinho)

António Cotrim / Lusa

O primeiro-ministro reiterou esta quarta-feira que vai reunir-se com os partidos com representação parlamentar antes da escolha do novo governador do Banco de Portugal. António Costa garante que o fará, ao contrário do seu antecessor.

“Quanto ao cargo de governador do Banco de Portugal, já tive oportunidade de dizer, quando chegar à altura própria para proceder à substituição do atual governador eu, ao contrário do que foi feito pelo meu antecessor, procederei à audição e à consulta de todos os partidos representados nesta Assembleia da República”, afirmou.

No debate quinzenal que decorre na Assembleia da República, em Lisboa, e numa resposta ao PAN, assegurou que “a escolha do próximo governador será feita nos termos da lei”.

Na abertura do debate, o porta-voz do PAN, André Silva, começou por afirmar que “Mário Centeno tem sido unanimemente considerado um bom ministro das Finanças”, mas, “curiosamente, é o único membro do Governo que aparenta estar de saída”.

“Permita-me discordar”, disse António, antes de deixar elogios à atuação de Mário Centeno. “Não há unanimidade na classificação do doutor Mário Centeno como um bom ministro das Finanças, há aqueles também que o consideram um muito bom ministro das Finanças e os que o consideram também um ótimo ministro das finanças”, respondeu Costa.

Durante a intervenção, António Costa nada disse sobre se Mário Centeno está a prazo no Governo ou se sairá no verão para assumir a liderança do BdP.

PAN sugere “período de nojo” de cinco anos

Na ótica do PAN, o atual ministro das Finanças, Mário Centeno, “não consegue assegurar a objetividade exigível ao exercício das funções do Governador de Portugal”, pelo que o partido questiona “como é que alguém consegue garantir independência e imparcialidade no exercício da autoavaliação?”.

“Mário Centeno terá de avaliar e decidir sobre o impacto de muitas decisões que ele próprio tomou enquanto ministro das Finanças. E é só isto que está em causa, não a ética da pessoa, mas sim a falta dela no salto direto do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal”, concretizou o deputado, lembrando a proposta do PAN para que seja instituída a obrigatoriedade de “um intervalo de cinco anos para quem pretende sair do Governo ou da banca comercial para o Banco de Portugal”.

André Silva quis saber também se o primeiro-ministro “não vê nenhum conflito de interesses ou problema ético nestas eventuais nomeações”.

Depois da resposta do chefe de Governo, o porta-voz do PAN fez questão de “registar que [Costa] não vê nenhum conflito de interesses, ou problemas éticos, na nomeação do doutor Mário Centeno para governador do Banco de Portugal”.

No sábado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou não ver nenhum problema numa transição direta do cargo de ministro das Finanças para governador do Banco de Portugal e recordou que isso já aconteceu duas vezes.

Um no tempo da ditadura, o professor Pinto Barbosa, que foi um muito bom ministro das Finanças e depois foi muito bom governador do Banco de Portugal logo a seguir, outro no tempo do governo do professor Cavaco Silva, o professor Miguel Beleza foi um dedicado ministro das Finanças, devotado ministro das Finanças, saiu e depois foi nomeado governador do Banco de Portugal e foi também um dedicado e devotado governador do Banco de Portugal”, referiu o Presidente da República, sem comentar especificamente a possibilidade de o atual ministro de Estado e das Finanças suceder a Carlos Costa.

Tal como sintetiza o semanário Expresso, António Costa promete ouvir todos os partidos com assento parlamentar, mas acabará por decidir sozinho.

ZAP // Lusa

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