/

Esperança para famílias da Ucrânia: nova tecnologia identifica desaparecidos em minutos

Bartlomiej Wojtowicz / EPA

Polícias locais já carregam os kits de ADN de alta tecnologia, que prometem acelerar o reencontro de famílias separadas pela guerra.

É uma questão urgente e complexa aos olhos da ONU, que agora tenta usar tecnologia como resposta para ajudar a reunir as famílias separadas no decorrer da invasão russa à Ucrânia.

A nova aposta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) passa por levar para a Ucrânia dispositivos capazes de traçar um perfil completo de ADN de uma pessoa em apenas cerca de uma hora e meia e, assim, estabelecer relações genéticas entre familiares em minutos, e não meses como antes.

A tecnologia está a ser usada maioritariamente na busca por pessoas desaparecidas e para reunir crianças com seus pais. Até agora, a Polícia Nacional já recebeu 50 chips tipo A, usados ​​na análise de amostras de bochechas humanas, e 200 chips tipo I, usados ​​na análise de uma ampla gama de amostras forenses, incluindo saliva, sangue e outros fluidos corporais. Também foram recebidos 50 mil dispositivos para a seleção e armazenamento de amostras de material biológico.

Levar as crianças de volta a casa

O projeto financiado pelos Países Baixos está a equipar a Polícia Nacional da Ucrânia com 250 chips para laboratórios portáteis de análise, além de cotonetes e dispositivos para recolha e armazenamento de amostras.

Após a invasão da Rússia em fevereiro de 2022, muitas crianças ucranianas foram separadas de suas famílias. A sua reunificação requer o uso de técnicas de identificação de ADN em investigações prévias ao julgamento.

O representante do PNUD na Ucrânia enfatizou a importância de reforçar os sistemas e instituições de justiça em tempos de guerra. Para Jaco Cilliers, aprimorar as capacidades tecnológicas e a infraestrutura forense da Polícia Nacional serve não só para reconectar as famílias, mas também para construir “instituições resilientes que podem lidar com os desafios da guerra”.

Apoio na investigação de crimes de guerra

O embaixador holandês na Ucrânia, Alle Dorhout, disse que “para os Países Baixos, combater a deportação de crianças é uma prioridade” e explicou que o projeto “tem várias camadas, permitindo não apenas a identificação de famílias de crianças deslocadas à força, mas também a investigação de crimes de guerra”.

“Estabelecer perfis de ADN é extremamente importante, uma vez que os russos têm tirado crianças de orfanatos e destruído seus documentos”, disse o vice-chefe do Departamento de Investigação da Polícia Nacional da Ucrânia, Artem Shevchishen, que sublinha que a única prova de laços familiares, em muitos casos, é o perfil de ADN.

O rapto de crianças ucranianas pela Rússia é um dos piores crimes de guerra que podemos imaginar“, disse o secretário-geral da NATO Mark Rutte, na altura primeiro-ministro dos Países Baixos, em 2024.

As tecnologias modernas podem ajudar a reunir evidências de crimes de guerra, particularmente em relação à deportação de crianças, que possam “ser usadas em tribunais nacionais e internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional”, diz.

ZAP // ONU News

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.