O antigo secretário-geral adjunto do CDS-PP Luís Marreiros desfiliou-se do partido, confirmou o próprio à Lusa, deixando críticas à atual direção que considerou ser “pouco coesa” e carismática, mas também à anterior.
Luís Varela Marreiros foi secretário-geral adjunto entre 1998 e 2000, quando Paulo Portas era presidente do partido.
A notícia foi avançada pelo jornal Público e confirmada pelo ex-dirigente à Lusa, que indicou que esta “é uma decisão que vinha sendo ponderada há alguns meses”.
Para Luís Marreiros, a liderança de Assunção Cristas e a atual, de Francisco Rodrigues dos Santos, “não correspondiam de maneira nenhuma ao que o eleitorado esperava de uma direita moderna”, o que se traduziu no resultado eleitoral das últimas legislativas e nas intenções de voto atuais.
O ex-dirigente indicou também que a direção atual do CDS “é pouco coesa, pouco competitiva” e lamentou as “dissidências constantes desde a primeira hora”.
Na carta de desfiliação que endereçou esta noite ao atual secretário-geral do CDS, e à qual a Lusa teve acesso, Luís Marreiros defendeu que “as últimas lideranças, em particular a atual, são pouco, ou nada, carismáticas conforme demonstram os resultados eleitorais e as intenções de voto”.
“No meu caso, é mais do que isso: não me revejo na ‘postura’ no ‘timming’ político de intervenção”, assinalou, apontando que “o ‘pot pourri’ que foi a composição da direção do partido, logo com péssimos resultados nos primeiros meses”, e a relação (inexistente) com o grupo parlamentar” também foram fatores que contribuíram para a sua decisão. No entanto, ressalva que não duvida “da bondade e honestidade intelectual” do presidente do partido, “em particular, na condução dos destinos do CDS”.
Luís Marreiros apontou também uma atual “fragmentação da direita” e na missiva considera que “o CDS de hoje já não lê os sinais/indícios da sociedade nem na (nova) Europa”.
Sobre o futuro, o agora ex-militante democrata-cristão referiu que não está no seu “horizonte aderir a nenhum projeto político no imediato”.
O antigo dirigente centrista disse ainda que a saída de Francisco Mendes da Silva, anunciada na sexta-feira, teve influência indireta no anúncio da sua desfiliação do CDS, apesar de já ter intenção de “fazê-lo por esta altura”.
Para Luís Marreiros, o antigo deputado era “uma das pessoas relevantes para o projeto de renovação do partido” e sua decisão foi “um sinal importante”, uma vez que têm opiniões semelhantes sobre “o futuro da direita em Portugal”, mas indicou não ter falado com ele.
Num texto publicado na sexta-feira sua página na rede social Facebook, Francisco Mendes da Silva justificou que não sai do partido “desiludido nem em conflito pessoal com quem quer que seja”, mas por “falta de predisposição para o envolvimento partidário ativo” e “por progressiva convicção de que o CDS deixou de querer ser um instrumento relevante e autónomo, dinâmico e moderno — e o mais representativo possível — dos princípios políticos” que defende.
“Não saio por ter deixado de acreditar no que há muito acredito; saio porque, acreditando no que acredito, sinto que deixei de ser útil no — e ao — CDS”, argumentou o advogado, militante democrata-cristão desde 1995.
Em declarações aos jornalistas na segunda-feira, o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, desvalorizou esta saída e salientou que por cada saída “entram dois novos militantes do partido”.
// Lusa