A escritora bielorrussa laureada com o prémio Nobel da literatura em 2015, Svetlana Alexievich, diz que a qualquer momento pode ser detida.
Em entrevista ao jornal espanhol El País, a escritora bielorrussa Svetlana Alexievich apelou ao mundo para que ajude quem nas ruas do país exige eleições livre e justas, escreve a TSF. Alexievich disse que só pelo simples facto de estar a falar com a imprensa internacional arrisca ser detida a qualquer momento.
Além disso, o facto de pertencer ao conselho nacional de coordenação criado pela antiga candidata às presidenciais Svetlana Tsikhanouskaya, não ajuda.
“Eles estão a prender todos os que não concordam com os pontos de vista do estado, ou seja de Lukashenko”, atirou a laureada com o prémio Nobel da literatura em 2015. “Estamos a tentar fazer algo mas não o conseguimos fazer sozinhos, precisamos de ajuda mas não sei qual”.
Alexievich salienta que as exigências do povo bielorrusso não são transcendentes: apenas pedem eleições livres e justas. Contudo, Lukashenko não está aberto a diálogo e continua a reprimir o povo.
“Eu entendi isso neste domingo quando vi as enormes filas de veículos militares em todas as ruas de Minsk. Os militares entraram na cidade e o Ministro do Interior avisou que vamos ter de lidar com o exército”, contou a romancista.
A vencedora do Nobel de Literatura em 2015, Svetlana Alexievich, foi interrogada esta quarta-feira por um comité criado pelo Governo do presidente Aleksandr Lukashenko para investigar a oposição.
A escritora foi à sede da comissão de inquérito, em Minsk, mas disse que permaneceu em silêncio durante todo o interrogatório. “Exercitei o meu direito de não testemunhar contra mim mesma e não assinei um documento que me obrigava a não revelar informações. Não acho que estejamos a fazer nada de ilegal”, argumentou.
Já em 2015, Alexievitch definiu o regime da Bielorrússia como uma “ditadura suave” na véspera das eleições presidenciais no seu país.
“De quatro em quatro anos, novos responsáveis europeus chegam ao poder e pensam poder resolver o problema Lukashenko sem saber que ele não é um homem digno de confiança”, disse, na altura, a escritora.
“É um ‘homem soviético’ e nunca mudará”, assegurou, numa referência ao ‘homo sovieticus’ que percorre a sua obra e relacionada com a dificuldade dos países do antigo bloco de Leste se libertarem de uma conceção autoritária da política e da sociedade.