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Nobel da Paz atribuído a médico Denis Mukwege e ativista Nadia Murad

Nicklas Elmehed / The Norwegian Nobel Comitee

O prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao médico congolês Denis Mukwege e à ativista de direitos humanos Nadia Murad, informou o Comité Nobel norueguês.

O Comité justificou a decisão com os esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.

Denis Mukwege, nascido em 1955, é um médico ginecologista congolês, célebre pela sua acção humanitária na República Democrática do Congo, onde gere um hospital em Bukavu.

Mukwege especializou-se no tratamento de mulheres violadas por milícias na guerra civil do Congo, sendo um dos maiores especialistas mundiais na reparação e tratamento de danos físicos provocados por violação.

O novo Nobel da Paz tratou mais de 21 000 mulheres durante os 12 anos de guerra, algumas mais do que uma vez, chegando a fazer mais de 10 cirurgias por dia em dias de trabalho de mais de 18 horas.

O médico congolês recebeu o Prémio Olof Palme em 2008 e o Prémio Sakharov em 2014. Foi escolhido como Africano do Ano (2008), prémio do Daily Trust.[2]

A activista dos direitos humanos yazidi Nadia Murad, nascida em 1993, é desde setembro de 2016 a primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Murad foi sequestrada pelo Estado Islâmico em agosto de 2014, numa acção terrorista na aldeia de Kocho, no norte do Iraque, na qual combatentes jihadistas invadiram a comunidade e mataram 600 pessoas, incluindo seis dos seus irmãos.

Nesse ano, Murad foi uma das mais de 6.700 mulheres yazidi aprisionadas pelo Estado Islâmico no Iraque. Foi mantida como escrava na cidade de Mossul, espancada, queimada com cigarros e violada quando tentava fugir.

Em novembro de 2014, Nadia conseguiu escapar, com a ajuda de um vizinho da família, que conseguiu contrabandeá-la para fora da área controlada pelo Estado Islâmico e chegar a um campo de refugiados em Dohuk, no norte do Iraque.

Nadia sobreviveu a crimes horrendos. Chorei quando ouvi a história dela”, assumiu em 2016 o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, na cerimónia em que Murad foi nomeada Embaixadora para a Defesa da Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano.

“Não chorei apenas de tristeza. Também fiquei emocionado até às lágrimas porque Nadia tem tanta força, coragem e dignidade. Ela apela adequadamente a um mundo onde todas as crianças vivam em paz”, acrescentou ainda o líder da ONU.

O ano passado, o Prémio Nobel da Paz foi atribuído à ICAN, Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, pelo trabalho feito para a eliminação de armamento nuclear no mundo.

ZAP // Lusa

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