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“Nenhuma era apenas um número”. NYT dedica toda a primeira página a mil vítimas da pandemia

(dr) NYT

Mil nomes de pessoas numa primeira página. O jornal norte-americano The New York Times dedicou a primeira página da edição deste domingo a mil vítimas mortais da pandemia de covid-19, para assinalar a iminente passagem do número de 100.000 mortes nos Estados Unidos.

O New York Times dedica a sua primeira página à memória de mil pessoas que morreram devido à pandemia da covid-19 e evoca a vida de cada uma. “Estas mil pessoas representam apenas um por cento do total. Nenhuma delas era apenas um número”, escreve o jornal na capa, que se encontra totalmente preenchida por texto.

Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, tanto em número de mortes quanto em casos, com 97.087 mortes para 1.621.658 casos, de acordo com os dados mais recentes. Segundo a agência noticiosa France-Presse, no sábado, os Estados Unidos registaram 1.127 novas mortes em 24 horas, e atravessar a marca de 100.000 mortes aparenta ser uma questão de dias.

Entre as vítimas mortais da covid-19 citadas pelo jornal The New York Times neste domingo, estão Joe Diffie, 62 anos, de Nashville, “estrela da música country distinguida por um Grammy”, e Lila A. Fenwick, 87 anos, de Nova Iorque, a “primeira mulher negra a formar-se na Harvard Law School”.

Da lista também constam Myles Coker, 69 anos, de Nova Iorque, que foi “libertada após ser condenada à prisão perpétua”, e Jordan Driver Haynes, 27 anos, de Cedar Rapids, Iowa, um “jovem generoso com um sorriso encantador”.

“Queria algo que as pessoas pudessem reler daqui a 100 anos para entender o peso do que estamos a passar”, disse Marc Lacey, chefe de redação do jornal norte-americano, para justificar a primeira página da edição deste domingo.

“Em vez dos artigos, fotografias ou gráficos que normalmente aparecem na primeira página do The New York Times, este domingo há apenas uma lista: uma lista longa e solene de pessoas cujas vidas foram perdidas devido à pandemia do coronavírus”, pode ainda ler-se no artigo que explica o projeto do NYT.

A passagem esperada da marca de 100.000 mortes por covid-19 surge no contexto de debates sobre o confinamento, quando vários estados se comprometem a facilitar as medidas restritivas decididas contra a propagação da doença.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, candidato à reeleição em novembro, preocupado com a recuperação económica, está a pedir aos governadores democráticos que “libertem” o seu Estado, num desafio aos avisos dos consultores científicos.

No sábado à noite, o Presidente norte-americano escreveu na sua conta na  rede social Twitter “transição para maior”, usando o slogan com que defende a reabertura da economia, o que deu origem a muitos comentários discordantes.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 339 mil mortos e infetou mais de 5,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Os Estados Unidos são o país com mais mortos (97.087) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,6 milhões).

ZAP // Lusa

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