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O navio Open Arms já atracou em Lampedusa

Elio Desiderio / EPA

O navio Open Arms chegou ao porto da ilha de Lampedusa por volta da meia-noite, hora italiana, depois do procurador de Agrigento, Luigi Patronaggio, ter ordenado a apreensão do navio e o desembarque imediato dos refugiados que este transportava.

Segundo o jornal El País, o Open Arms transportava 83 migrantes da base de Cádiz com o objetivo de salvar os passageiros em risco.

“Após 19 dias, desembarcamos hoje em Lampedusa. O nosso navio será temporariamente apreendido mas é um custo que a Open Arms assume para garantir que as pessoas a bordo sejam tratadas. Consideramos essencial priorizar a sua saúde e segurança nesta emergência humanitária”, escreveu no Twitter o fundador da ONG responsável pelo barco, Oscar Camps. “O pesadelo finalmente acabou”, escreveu a organização na sua conta da mesma rede social.

Ao longo dos próximos dias irá saber-se ao certo o que acontecerá aos refugiados que agora finalmente conseguem pisar terra firme.

Luigi Patronaggio, o procurador da cidade de Agrigento, na Sicília, ordenou esta terça-feira a apreensão do navio Open Arms e o desembarque imediato dos quase 100 migrantes africanos que este levava a bordo.

O jurista, que está a investigar um suposto crime de sequestro pela recusa do ministro do Interior italiano Matteo Salvini em permitir o desembarque de migrantes, tomou a decisão após visitar o navio, que está em alto mar há 19 dias e que se encontra, desde a sexta-feira passada, ancorado a apenas 800 metros da ilha italiana de Lampedusa.

A decisão da justiça italiana conheceu-se poucas horas depois do Governo espanhol ter decidido enviar para Lampedusa o barco militar “Audaz” para recolher a centena de migrantes que ainda permaneciam a bordo deste Open Arms.

No domingo, um vídeo divulgado pelo líder da ONG, Oscar Camps, mostra vários migrantes a atirarem-se ao mar, na esperança de chegar a nado à costa de Lampedusa. Os socorristas presentes a bordo atiraram-se à água e conseguiram impedi-los, trazendo-os de regresso ao barco, mas a tripulação afirma que a situação é neste momento insustentável.

Também no domingo, a tripulação do barco enviou um novo pedido ao porto de Lampedusa para que o desembarque seja autorizado devido à situação das 107 pessoas a bordo — 27 menores não acompanhados já foram autorizados a desembarcar depois de Matteo Salvini ter assinado a autorização, contrariado, e colocado todas as responsabilidades no primeiro-ministro Giuseppe Conte.

Depois de a ONG recusar desembarcar no porto de Palma de Maiorca ou no de Maó, em Menorca por falta de condições de segurança, o Governo espanhol ofereceu à Open Arms a possibilidade de aportar em qualquer porto do país.

A Open Arms sugeriu na segunda-feira que fossem transferidos de avião para Espanha os 107 migrantes que tem a bordo. “Para dar dignidade aos resgatados, podiam transferi-los para Catania, na Sicília, e daí levá-los para Madrid. Alugar um Boeing para 200 pessoas tem um custo de 240 euros por passageiro“, disse Riccardo Gatti, chefe de missão da Open Arms em Itália, aos jornalistas presentes na doca de Lampedusa.

Também no Mediterrâneo continua o barco “Ocean Viking”, com 365 migrantes a bordo, que continua a tentar obter dos Governos de Itália e de Malta autorização aportar nos países — embora sem sucesso. Neste barco não foram reportadas situações de crise, embora haja indicação de migrantes com problemas de saúde a bordo que precisam de cuidados médicos com urgência.

Entretanto, na segunda-feira, a Alarm Phone, uma organização independente que gere uma linha telefónica de emergência para apoiar os migrantes no Mediterrâneo, alertou para a possibilidade de um naufrágio de mais um barco com migrantes ao largo da Líbia, que teria mais de 100 pessoas a bordo, e do qual poderão ter resultado várias mortes.

ZAP //

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