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Migrantes a bordo do Open Arms atiram-se ao mar

As mais recentes imagens divulgadas na tarde deste domingo pela Associated Press mostram que alguns dos migrantes a bordo do barco Open Arms que se encontra ao largo de Lampedusa se estão a atirar ao mar para tentar chegar a terra.

Segundo a AP, membros da tripulação terão resgatado os migrantes da água e trazido de volta as pessoas para bordo. A agência assegura que era possível ouvir choro e gritos a bordo, bem como gestos exaltados, enquanto a tripulação “tentava acalmar os ânimos”.

O vídeo dos migrantes a atirarem-se à água foi inicialmente divulgado pelo fundador da ONG, Oscar Camps, que se encontra a bordo e que afirma ser “insustentável” o barco deslocar-se até Espanha.

A própria organização afirma que as condições físicas e psicológicas dos 107 são “críticas” e que a segurança de todos a bordo está em risco. “Se acontecer o pior, a Europa e Salvini serão responsáveis”, acusou a ONG, referindo-se ao ministro da Administração Interna italiano.

O Governo de Espanha propôs receber o navio humanitário Open Arms em Algeciras face à “inconcebível” recusa de Itália em autorizar o desembarque dos 107 migrantes. O chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, “ordenou a habilitação do porto de Algeciras para receber o navio Open Arms” devido à “situação de emergência a bordo” e à “inconcebível” atuação das autoridades italianas, anunciou o governo de Madrid num comunicado.

Porém, a ONG recusou por considerar que a embarcação não está em condições de fazer aquela distância. “Não aceitamos Espanha. Não podemos pôr em perigo a segurança e a integridade física dos imigrantes e da tripulação. Necessitamos de desembarcar já”, disse um porta-voz da associação, citado pelo El País.

O fundador da ONG, Oscar Camps, publicou no Twitter um mapa em que mostra a distância entre o local onde a embarcação se encontra e o porto de Algeciras. “Depois de 26 dias de missão, 17 de espera com 134 pessoas a bordo, uma resolução judicial a favor e 6 países dispostos a acolher, quer que naveguemos 950 milhas, mais cinco dias, até Algeciras, o porto mais longínquo do Mediterrâneo, com uma situação insustentável a bordo?”, questiona o fundador da organização.

Na origem da decisão de Sánchez de abrir o porto está “a inconcebível resposta das autoridades italianas, e em concreto do ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os seus portos, e as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo Central”, que “levaram Espanha a liderar mais uma vez a resposta a uma crise humanitária”.

O texto frisa que “os portos espanhóis não são nem os mais próximos nem os mais seguros para o Open Arms, como os próprios responsáveis do navio têm repetido, mas neste momento Espanha é o único país disposto a acolhê-lo no quadro de uma solução europeia”.

“A situação dos migrantes do Open Arms causou, desde o primeiro momento, grande preocupação no executivo, cujo propósito foi encontrar a melhor solução comum que, após a receção do navio, prosseguirá com a repartição dos migrantes acordada por seis países membros, entre eles Espanha”, refere ainda o comunicado.

O Open Arms, operado pela ONG espanhola Proativa Open Arms, está ao largo da ilha italiana de Lampedusa desde 1 de agosto, quando resgatou 147 migrantes do Mar Mediterrâneo, ao largo da Líbia, mas os dois países mais próximos, Itália e Malta, recusaram-lhe o acesso aos seus portos.

Atualmente, estão 107 migrantes e 19 voluntários a bordo, depois de, no sábado, a Itália ter autorizado a retirada de 27 menores não-acompanhados e de várias operações para retirar do navio pessoas a precisar de assistência médica urgente.

Apesar de, na quinta-feira, seis países europeus – Portugal, Espanha, Alemanha, França, Luxemburgo Roménia – se terem oferecido para receber os migrantes a bordo do navio humanitário, o Open Arms continua sem autorização do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, para aportar.

No comunicado, Espanha volta a sublinhar “o intenso labor dos navios espanhóis na sua zona de responsabilidade”, que “certificam o cumprimento dos tratados internacionais”, afirmando que “entre 2018 e 2019, os serviços de salvamento marítimo resgataram e conduziram a portos espanhóis mais de 60 mil pessoas”. “Espanha é hoje, com grande diferença, o país da União Europeia que mais resgates realiza no Mediterrâneo”, afirma o comunicado.

ZAP // Lusa

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