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A NASA quer enviar balões de ar quente para Vénus

Don P. Mitchell, Paolo C. Fienga / Lunar Explorer Italia / IPF / Soviet Space Agency

Aspeto da superfície e do céu de Vénus tal como captados pela sonda Venera 13

A NASA planeia enviar balões de ar quente para Vénus, visando medir as vibrações e a atividade sísmica do planeta e obter mais pistas sobre a sua composição interna. As condições severas do “vizinho” da Terra representam grandes desafios ao enviar sondas até à sua superfície.

Nos testes realizados em 19 de dezembro no deserto perto de Pahrump, no estado norte-americano do Nevada, cientistas da NASA observaram que balões cheios de hélio podem detetar atividades sísmicas com centenas de metros de altura.

Durante os testes, uma equipe de investigadores do Departamento de Energia dos Estados Unidos simulou, recorrendo a uma explosão química de 50 toneladas, um sismo de magnitude compreendida entre 3-4 a cerca de 300 metros de profundidade.

O sismo produzido foi identificado por dois balões que transportavam instrumentos para detetar mudanças na pressão atmosférica e ondas infra-som de baixa frequência, sinais associados à atividade sísmica. Um dos balões estava amarrado ao chão, enquanto o outro voava livremente durante o teste.

Os cientistas concluíram que ambos os balões globos seriam capazes de medir sismos tão fracos como de magnitude 2, e ajudar a confirmar uma hipótese que se arrasta há muito, que defende que o calor está ainda a tentar escapar do núcleo de Vénus – processo que estaria associado a terramotos na superfície do planeta.

No entanto, fazer como que esta tecnologia funcione em Vénus não será fácil, uma vez que a sua atmosfera tem ventos supersónicos que podem interferir no funcionamento dos instrumentos sintonizados nos balões. Procedimentos experimentais futuros estão a ser projetados no estado de Oklahoma para melhorar a tecnologia de deteção.

“Nunca fizemos uma medição sísmica direta em Vénus”, disse Siddharth Krishnamoorthy, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL), na Califórnia, citado pela publicação Science Magazine. “Há muito que os balões podem oferecer para esclarecer algumas questões importantes sobre o planeta”, acrescentou.

Em 1985, a União Soviética enviou dois balões para Vénus. Estes balões – que não foram projetados para medir a atividade sísmica – ficaram na atmosfera do planeta durante mais de dois dias, parando de registar dados quando as baterias acabaram.

ZAP // RT

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