Um estudo recente comparou os efeitos do clima e dos fatores humanos nos habitats dos mamíferos. Ao contrário do que se passou com os grandes mamíferos 50.000 anos, no caso das espécies atuais o clima é o fator mais importante.
Demos recentemente notícia de um estudo que revelava a verdadeira história do desaparecimento dos maiores animais da Terra, que concluiu que foi a caça humana, e não as alterações climáticas, o principal fator de extinção destes animais.
O mesmo não se passa com os mamíferos do nosso tempo. Um novo estudo, conduzido por uma equipa de investigadores da Universidade Estadual da Carolina do Norte liderada por Roland Kays, revelou que, apesar do impacto humano, o clima é o fator mais significativo para o desenvolvimento dos mamíferos.
Segundo o EurekAlert, a equipa usou dados de 25 espécies de mais de 6.000 locais nos Estados Unidos, recolhidos através das armadilhas fotográficas da Snapshot USA, uma das análises mais extensas deste género.
“Uma das nossas suposições era que os humanos podiam ter mudado tanto a nossa paisagem que nos tornamos os principais determinantes do habitat dos animais”, afirmou Kays.
Mas, ao contrário do que esperavam, os cientistas descobriram que o clima – em particular a temperatura e a precipitação – era mais importante.
“Descobrimos que os humanos não eram os mais importantes. O clima, incluindo a temperatura e a quantidade de precipitação, foi o fator mais importante na maioria das espécies que observamos”, salientou, ainda que a atividade humana na forma de grandes centros populacionais e a agricultura continuassem a ser um fator significativo na escolha dos mamíferos.
“Existem muitas espécies que se dão bem quando os humanos estão por perto. O esquilo cinza oriental, por exemplo, é o esquilo mais comum em Raleigh e dá-se muito bem com as pessoas. Mas há outras espécies, e o esquilo raposa oriental, que se dá bem com a agricultura, mas não tão bem com as pessoas”, explicou o investigador.
“Podemos verificar estas diferenças em muitas outras espécies. Este estudo permite-nos ver as espécies que são sensíveis aos nossos impactos e quais beneficiam”, resumiu.
Este tipo de informações ajudaram os investigadores a criar mapas que preveem o quão comuns são vários mamíferos nos Estados Unidos. Por sua vez, este levantamento permitiu separar o país em ecorregiões com base nos tipos de mamíferos mais comuns em cada uma delas.
Foi então que concluíram que as regiões com mais precipitação tinham mais plantas e mamíferos devido à grande abundância de alimentos.
Ao identificar o clima como a influência número um na escolha do habitat dos mamíferos, o estudo, cujo artigo científico foi publicado na Diversity and Distributions, apresenta uma nova ferramenta para prever os impactos das mudanças climáticas nas populações destes animais.
O aumento das temperaturas globais irá causar mudanças no local onde os animais podem viver, além de influenciar os níveis de precipitação e o crescimento das plantas. Compreender em pormenor estes fatores será importante para tomar decisões sustentáveis.