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“Não levo nada”. Orlando Nascimento despede-se após demissão do Tribunal da Relação

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José Sena Goulão / Lusa

Orlando Nascimento deixou uma mensagem de despedida aos colegas do Tribunal da Relação de Lisboa depois de demitir-se da presidência da instituição.

O juiz Orlando Nascimento, que esta segunda-feira renunciou ao cargo de presidente do Tribunal da Relação de Lisboa, garantiu que “não leva nada” da instituição. Numa mensagem de despedida aos funcionários e colegas do tribunal, o juiz afirmou que sempre agiu à vista de todos “sem pin no telemóvel” e “sem palavra-passe no computador”.

“Fiz como a consciência e o sentido de dever mo ditou. Entrei com os primeiros e saí com os últimos. Não levo nada!“, assegurou Orlando Nascimento, na mensagem, à qual o jornal Público teve acesso.

“Chegou a hora de me despedir. Durante este tempo em que trabalhei, como Vice-Presidente e Presidente, fiz o melhor que pude”, escreveu Orlando Nascimento.

Apesar de ter o estatuto de testemunha nos autos da Operação Lex, Orlando Nascimento é suspeito de ter agido em conluio com Vaz das Neves, o seu antecessor à frente da Relação de Lisboa que foi constituído arguido por corrupção e abuso de poder naqueles autos.

Orlando Nascimento abandona o cargo de presidente do Tribunal da Relação de Lisboa depois de, na última semana, ter vindo a público que autorizou o uso do salão nobre do tribunal para a realização de uma arbitragem por Vaz das Neves, que foi indevidamente remunerado por esse julgamento privado.

Presidente do Supremo pressionou Orlando Nascimento

De acordo com o Observador, António Piçarra, presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), falou no dia 26 de fevereiro com Orlando Nascimento para pressioná-lo a apresentar a sua renúncia ao cargo de presidente do Tribunal da Relação de Lisboa.

A reunião do Conselho Superior da Magistratura (CSM), o órgão de gestão e disciplinar dos magistrados judiciais, já estava marcada para dia 3 de março e Piçarra já tinha dado ordens para que o tema das suspeitas da viciação dos sorteios dos juízes no TRL fosse incluído na agenda.

No fim da conversa entre António Piçarra e Orlando Nascimento só havia duas hipóteses, segundo o Observador: ou renunciar ao cargo de presidente da Relação de Lisboa ou ser suspenso de funções pelo plenário do órgão disciplinar dos juízes.

ZAP //

6 Comments

  1. Espero que a PJ consiga limpar todos os ratos do sistema porque se apanharam 5 seguramente há muitos mais escondidos uma das pistas era ver quais são os juízes com ligação a maçonaria esses ao fazerem juras secretas devem ser corridos do sistema judicial também. E mais a magistratura devia ser eleita como órgão de soberania que é e prestarem contas ao povo e terem responsabilidade profissional como todas as profissões em casos de negligência.

  2. Este já deve ter um lugar como deputado ou Autarca, basta ver como Juízes, e até investigadores alguns da P.J. Saíram e entraram como deputados e até como Autarcas não há almoços grátis, como diz o ditado “uma mão lava a outra e as duas lavam a cara,” a Justiça já a décadas que anda de braço dado com os políticos..

  3. Bem… se dissesse que levava é quer seria ainda mais grave. Também não diz que não levou nem levará. Apenas diz que não leva. Sabe Deus onde e a que é que se refere em concreto o ilustre magistrado. Mas seguramente algo terá feito e nesse caso não deveríamos ficar apenas pela demissão.

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