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Namoro do PSD com Rui Moreira pode terminar em “suicídio político” no Porto

ppdpsd / Flickr

O presidente do PSD, Rui Rio

As eleições autárquicas de 2021 já aquecem no PSD e, neste momento, a estratégia do partido para o Porto é ainda um grande enigma. Entre apoiar a candidatura independente de Rui Moreira e ter um candidato próprio, o partido divide-se.

A possibilidade de o PSD apoiar Rui Moreira, actual presidente da Câmara do Porto que se deverá recandidatar ao cargo, já é especulada nos bastidores sociais-democratas há algum tempo.

Porém, o conselheiro nacional do PSD, Paulo Cunha, deu voz a essa possibilidade, avivando o debate. Há até quem veja na posição do apoiante de Luís Montenegro, que concorreu contra Rui Rio à liderança do PSD, uma possível intenção futura de se candidatar à presidência dos sociais-democratas.

Certo é que o PSD ainda não determinou a estratégia para as autárquicas no Porto. Ou, pelo menos, não a tornou pública. O dossier deve passar directamente por Rui Rio, até pelo seu passado como presidente da Câmara do Porto.

De resto, após as três vitórias eleitorais de Rio, o PSD foi perdendo expressão no Porto, o que leva o ex-líder da concelhia social-democrata na Invicta, Sérgio Vieira, a notar que o “PSD se divorciou da cidade”, conforme declarações divulgadas pelo Público.

Assim, Sérgio Vieira é um dos que defende o apoio a Rui Moreira, considerando que essa é “a única forma de o PSD reatar essa relação com a cidade” e “sem exigir nenhum lugar”, como destaca no referido jornal.

“Os mandatos de Rui Moreira e as suas políticas são muito semelhantes ao que o PSD implementou na cidade em 12 anos, sendo que o estilo é completamente diferente do de Rui Rio”, afiança ainda Sérgio Vieira.

Por outro lado, o deputado Álvaro Almeida, o vereador único do PSD na autarquia portuense, diz ao Público que “seria um suicídio” o partido não apresentar uma candidatura própria à Câmara do Porto.

“Aqueles que querem o PSD fora da corrida autárquica estão a ajudar a que o partido desapareça no Porto“, alerta Álvaro Almeida, apontando que o cenário de não ter um candidato próprio levaria a que “não tivesse presença partidária nos órgãos autárquicos” da segunda maior cidade do país.

“O PSD é um partido com uma dimensão que não é compatível com a decisão de não apresentar um candidato”, destaca ainda o deputado.

Também Luís Filipe Menezes, ex-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, defende, em declarações ao Público, que o PSD “devia fazer um esforço para ter um candidato com dignidade e com capacidade, que aproveitasse algumas das fragilidades de Rui Moreira”.

Menezes fala em avançar com “um candidato fora da caixa que se posicionasse para daqui a quatro anos”.

Já o ex-presidente da concelhia do PSD-Porto, Hugo Neto, avisa que “começa a ficar tarde para a afirmação de um projecto político alternativo e credível e que o eleitorado do Porto compreenda”.

Igualmente em declarações ao Público, Hugo Neto deixa críticas a Rio porque “uns dias” diz “que quer ganhar a Câmara do Porto e que Rui Moreira está numa situação periclitante” por causa do caso Selminho, e, noutros dias, vê “o seu braço direito, Salvador Malheiro, com responsabilidades na coordenação autárquica, a fazer elogios públicos ao presidente da Câmara do Porto”. Um evidente “namoro político”, como analisa Hugo Neto, com consequências imprevisíveis para o PSD.

Susana Valente, ZAP //

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