A diplomacia da União Europeia assinalou esta quinta-feira que cabe a cada Estado-membro definir a utilização que a Ucrânia faz das armas doadas para se defender da invasão russa, após o alto representante ter defendido o levantamento de restrições.
“As entregas de armas à Ucrânia para autodefesa são feitas por cada um dos Estados-membros e eles decidem como as suas armas serão utilizadas com base em acordos com os parceiros ucranianos“, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, em conferência de imprensa da instituição, em Bruxelas.
O esclarecimento surge um dia depois de o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança ter afirmado que a forma mais eficaz de defender a Ucrânia seria não ter limitações, posição que tem vindo a defender há vários meses, embora a decisão seja sempre nacional.
Na quarta-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou que o levantamento das restrições à utilização das capacidades militares da Ucrânia permitiria avanços nos esforços de paz e salvar vidas neste país.
Numa publicação na rede social X, o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança referiu-se à ofensiva ucraniana na região russa de Kursk, em curso há mais de duas semanas, como “um duro golpe para a narrativa do Presidente russo, [Vladimir] Putin”.
Borrell afirmou que “o levantamento das restrições à utilização das capacidades contra os militares russos envolvidos na agressão contra a Ucrânia, em conformidade com o direito internacional, teria vários efeitos importantes”.
Entre estes, aponta o reforço da autodefesa ucraniana, “acabando com o santuário da Rússia para os seus ataques e bombardeamentos de cidades e infraestruturas ucranianas”, além de sustentar que tal decisão permitiria “salvar vidas e reduzir a destruição na Ucrânia”, bem como “ajudar a fazer avançar os esforços de paz”.
Vários países ocidentais que apoiam a Ucrânia, nomeadamente Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido, têm recusado que armas de longo alcance sejam utilizadas para ataques em território russo, com receio de uma escalada do conflito entre a Rússia e a NATO.
A Rússia denunciou em junho que as armas dos EUA já estão a ser utilizadas pela Ucrânia para atingir o território russo, um dia depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a usá-las para esse efeito.
Esta semana, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a incursão em Kursk não teria sido necessária se os parceiros estrangeiros da Ucrânia tivessem levantado as restrições de uso das suas armas de longo alcance contra a Rússia.
ZAP // Lusa
Guerra na Ucrânia
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