O Museu do Holocausto de Jerusalém, em Israel, sugeriu esta quinta-feira ao porta-voz da presidência dos Estados Unidos, Sean Spicer, que visite o seu site e aprenda um pouco de história, depois do mesmo ter assegurado que Hitler “não usou armas químicas”, ao compará-lo com o presidente sírio Bashar Al-Assad.
“Após as recentes declarações” de Spicer, o “Centro Mundial em Lembrança do Holocausto convida-o a visitar o site do Yad Vashem para aprender sobre o Holocausto e seu período na história”, segundo um comunicado.
O centro manifestou a sua “grande preocupação em relação aos termos imprecisos e insensíveis” utilizados esta terça-feira pelo porta-voz da Casa Branca.
Para o Museu do Holocausto, as declarações do porta-voz da Casa Branca “implicam uma profunda falta de conhecimento sobre os eventos da Segunda Guerra Mundial, inclusive o Holocausto” e “poderiam fortalecer aqueles cujo objetivo é distorcer a História”.
O comunicado foi publicado após a polémica provocada por Sean Spicer, que assegurou que “nem mesmo Hitler desceu tão baixo ao ponto de usar armas químicas“, ao contrário do que alegadamente terá feito o Governo sírio.
Em resposta a uma jornalista, Spicer tentou explicar-se: “acredito que quando se trata de gás sarin, Hitler não utilizou gás contra o seu próprio povo, como fez Assad” – comentário que parece contornar o facto de Hitler ter usado câmaras de gás para exterminar milhões de judeus e outras minorias.
A diferença, explicou Spicer, é “o modo como Assad usa as armas químicas, ir às cidades e lançá-las no meio de inocentes nessas localidades”, argumentação que também não ajudou.
Na sequência da polémica, Spicer viu-se obrigado a emitir um esclarecimento posterior e assegurou que “de forma alguma estava a tentar minimizar a natureza horrenda do Holocausto”, mas que estava a “tentar explicar a diferença de táticas no uso de aviões para lançar armas químicas em centros urbanos”.
A imprensa israelita repercutiu intensamente as declarações do porta-voz da Casa Branca, em geral de forma muito crítica e com pedidos de retificação.
O ministro dos Transportes e Inteligência de Israel, Israel Katz, exigiu que Spicer peça desculpas e qualificou as suas palavras de “indignas”, enquanto o deputado Erel Margalit as classificou de “miseráveis“, atribuindo-as à “influência problemática na Casa Branca de entidades que negam o Holocausto“.