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Mundial de judo proíbe bandeira portuguesa. A culpa pode ter sido das legislativas

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Federação Portuguesa de Judo

Os seis judocas lusos em competição nos mundiais de judo em Budapeste irão competir sem a bandeira portuguesa. Em causa está uma dívida de quase um milhão de euros, cujo pagamento as eleições legislativas vieram atrapalhar.

A Federação Internacional de Judo (FIJ) sancionou Portugal devido a uma dívida de mais de 800.000 euros.

Como consequência, os atletas portugueses vão competir sem bandeira, no mundial de judo.

À Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ) Sérgio Pina explicou a Federação Portuguesa de Judo foi notificada na terça-feira da suspensão por um ano pelo organismo internacional da modalidade, devido à tal dívida de 800.000 euros.

Em vários momentos, a Federação Internacional notificou a FPJ, que ainda tentou proceder a um pagamento simbólico de 50.000 euros, mas um erro no código de transferência bancária, acabou por levar a decisão mais extremada da instância do judo mundial.

Na decisão disciplinar da FIJ a que a Lusa teve acesso, o organismo internacional detalha o histórico da dívida, que ascende a 800.000 euros e que engloba a contratualização de dois dos quatro Grand Prix que Portugal (2023 e 2024) tinha feito, no valor de 500.00 euros, acrescidos de uma verba de 300.000 euros referente aos Mundiais de juniores de 2023.

Na sua decisão, a FIJ lembra que “uma Federação membro cujas taxas de adesão ou quaisquer outras taxas, ‘royalties’ ou dívidas para a IJF ou União Continental à qual pertence não forem pagas até 31 de maio de cada ano, não será autorizada a participar nos Jogos Olímpicos, campeonatos mundiais ou qualquer outro evento realizado sob os auspícios da JIF”.

Na decisão, a Federação Internacional esclarece os avisos sucessivos à FPJ em relação aos valores em dívida, em fevereiro, março e abril, junto com a carta enviada por Sérgio Pina ao organismo, com o enquadramento de dificuldades financeiras no judo nacional.

Federação depende de apoios do Estado

O presidente da FPJ explicou à FIJ que a Federação depende exclusivamente de um apoio estatal, na ordem dos 1,2 milhões de euros anuais.

“O orçamento da FPJ depende exclusivamente do apoio estatal, e o montante anual não ultrapassa os 1,2 milhões de euros, que são necessariamente canalizados para as suas atividades, o que torna impossível para a FPJ pagar a sua dívida com a JIF sem apoio extra das instituições estatais”, indica a Federação Internacional na defesa que lhe foi apresentada pela FPJ.

E de estabilidade política…

Na mesma carta, Pina lembrou que a esperança na resolução do problema teve ainda a circunstância de eleições legislativas em Portugal, em 18 de maio, que acabaram por dificultar esse reforço de um apoio financeiro.

Esta circunstância tem condicionado fortemente os processos de tomada de decisão e concessão de apoio às federações desportivas, uma situação que acreditamos será resolvida em breve, logo após as eleições, se não antes”, disse então o presidente da FPJ à Federação Internacional.

Posteriormente, a FIJ deu um prazo até 13 de maio à Federação Portuguesa, que, ainda sem um reforço de apoio estatal, procurou transferir 50.000 euros. Mas esse dinheiro não entrou.

Portugueses como russos e bielorrussos

Agora, os atletas portugueses – à semelhança do que acontece já com os atletas da Rússia e Bielorrússia – terão de participar sob a égide da FIJ, com os dorsais da FIJ. Se houver medalhados e campeões do mundo, o hino será o da FIJ.

Estão apurados para os Mundiais, que decorrerão entre 13 e 18 de junho em Budapeste, os judocas lusos Catarina Costa, Taís Pina, a medalha de bronze olímpica em Paris 2024 Patrícia Sampaio, Miguel Gago, Otari Kvantidze e o medalha de bronze olímpico em Tóquio 2020 Jorge Fonseca.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Vergonha para os nossos atletas. Inadmissível. Deviam ser expulsos e responsabilizados. Como Portuguesa, sinto vergonha. Podemos imaginar o que sentem os nossos representantes.

    • Vergonha para os atletas sim. Mas a vergonha das vergonhas é para o país! Miserável pais que não disponibiliza 800.000€ para enviar uma seleção duma modalidade onde até temos algum currículo.
      Uma vergonha mesmo

  2. Se fosse futebol, aparecia já o dinheiro… O Estado como pagador é a maior vergonha, e não é só com a federação de judo, é geral…

  3. O estado não é o único que financia , há milhares de atletas federados que pagam a cota a federação , ou seja , obrigados a pagar se não, não pode competir em nenhuma prova. Falta saber como é que estes senhores das federações utilizam o dinheiro, porque ninguém os controla nas contas, e estes senhores não estão lá por amor ao desporto, é por isso que nas competições regionais, nacionais etc.. nem aparecem lá, além, que os atletas federados quando vão ao estrangeiro competirem tem que pagar tudo do bolso deles, viagem, hotel etc… ou os pais ou os clubes, mas quando há medalhas estão lá para as receberem e gabarem se disso. Está divida de 800 mil euros não é recente não é do ano passado é de anos anteriores que demonstrem publicamente as contas e os apoios que dão aos atletas inclusive a federações que ameaçam os atletas de não os deixarem competir se vierem a publico falarem da falta de apoios. isto passasse com todas as federações de desporto que não tem grande impacto televisivo.

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