O Largo da Sé Velha de Coimbra esteve completamente cheio de estudantes para ver a serenata monumental que contornou a vontade da PSP, que queria que o evento se realizasse na Sé Nova.
“Há sempre alguém que resiste. Há sempre alguém que diz não”, cantou-se por toda a Sé Velha, no final de uma serenata que esteve em risco de não acontecer, e que trocou a habitual “Balada de Despedida” pela “Trova do Vento Que Passa”, canção de Adriano Correia de Oliveira, criada durante o Estado Novo.
A serenata monumental, que marca o arranque da Queima das Fitas e que é um dos momentos mais simbólicos da festa dos estudantes, esteve em risco de não acontecer, depois de a comissão organizadora ter anunciado que o evento teria de se realizar na Sé Nova, por impossibilidade de assegurar as condições exigidas pela PSP para a Sé Velha.
Posteriormente, a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, estrutura que define os grupos que tocam na serenata, recusou-se a actuar na Sé Nova, o que levou a organização da Queima das Fitas a anunciar o cancelamento do evento.
No entanto, a mesma secção avançou com um pedido de manifestação por parte de estudantes para o Largo da Sé Velha, por forma a contornar o parecer negativo da polícia.
Por volta das 22 horas de quinta-feira, já eram muitos os estudantes e populares que aguardavam na Sé Velha pelo começo da serenata, sem se avistar qualquer presença policial.
A PSP tinha dito que iria adequar o seu dispositivo e adoptar “as medidas preventivas e de reação possíveis nestas circunstâncias, tendo presente a necessidade de tentar conciliar todos os direitos em conflito”.
“Serenata só há uma”
Numa das ruas de acesso à Sé Velha, o trânsito estava cortado de forma improvisada com um sinal de trânsito arrancado e colocado na diagonal, para impedir a passagem de carros, não se avistando qualquer controlo de tráfego automóvel por parte da PSP às 22 horas.
Ainda antes da meia-noite, já o Largo e ruas adjacentes estavam completamente cheios de estudantes de capa e batina. Não se via qualquer presença de dispositivo policial para um evento que a PSP considerava que teria riscos evidentes.
Perto da hora de arranque da serenata, palavras projectadas na parede de um edifício pediam silêncio — ao contrário de outros anos, desta vez, não haveria sistema de amplificação.
Chegada a meia-noite, a Canção de Coimbra foi ouvida pelo Largo da Sé Velha, durante pouco mais de meia hora (o pedido de manifestação era até às 00h30), com a grande maioria a acatar o pedido de silêncio.
Para última música, ao contrário da habitual “Balada de Despedida” — que foi depois pedida por muitos estudantes —, os grupos da Secção de Fado cantaram a “Trova do Vento que Passa”, mas não sozinhos.
Numa parede, foram sendo projectados os versos de Manuel Alegre, com as vozes dos estudantes a juntarem-se às dos músicos para a serenata, que terminou com o habitual “Efe-Erre-Á”.
Já com os estudantes a desmobilizar, ainda se gritou “Serenata só há uma, na Sé Velha e mais nenhuma”.
ZAP // Lusa
A PSP só está disposta a autorizar as manifestações nazis.
Para esses, viram-se de boa vontade, sem quaisquer exigências.