Esta segunda-feira, a Concelhia de Barcelos das Mulheres Socialistas aprovou uma moção contra a indicação de um homem para número dois de Horácio Barra, o candidato escolhido pela concelhia do PS local e ratificado pela Federação do PS de Braga para suceder ao autarca Miguel Costa Gomes.
De acordo com o semanário Expresso, a estrutura das Mulheres de Barcelos acusam Joaquim Barreto, deputado e líder federativo do PS, de estar a tentar condicionar a elaboração das listas e querer colocar um homem em segundo lugar em vez de uma mulher.
“Saudamos a intenção já declarada pelo candidato à Câmara, Horácio Barra, de apresentar uma lista com absoluto respeito pela lei da paridade e igualdade de género, na proporção de 50-50, aliás na tradição socialista e na defesa dos princípios consagrados pelo PS”, referiu Armandina Saleiro, presidente da concelhia das Mulheres Socialistas, Igualdade e Direitos e número dois do executivo da Câmara de Barcelos.
Segundo a responsável, a estrutura recusa qualquer tipo de ingerência ou tentativas de condicionar as mais básicas regras da paridade e igualdade de género, garantindo apoio à designação de Horácio Barra como candidato nas eleições autárquicas.
“Não aceitaremos nenhuma lista que não cumpra o atrás referido e estamos disponíveis para, com o candidato, encontrar as melhores soluções que contribuam para a unidade do PS e para uma vitória expressiva nas eleições autárquicas de 2021”, continuam.
“Aceitar decisões contrárias a estes valores, mais ainda quando resultam de imposições externas, seria um enorme retrocesso”, defendeu Armandina Saleiro, lamentando que o líder da Federação de Braga tenha avocado o processo autárquico “numa tentativa de rasgar a bandeira paritária de 50-50 conseguida nas eleições de 2017”.
A 13 de abril, o processo de designação dos candidatos à Câmara de Barcelos foi escolhido pela direção da Federação do PS de Braga”. Em comunicado, a Federação avançou que a decisão foi aprovada com 50 votos a favor, 18 contra e duas abstenções.
Joaquim Barreto disse ao Expresso que a avocação do processo eleitoral aconteceu para evitar cisões e procurar consensos, garantindo que a lei da paridade em vigor de 60-40 será “absolutamente cumprida” e os órgãos locais e nacionais tentarão alcançar os 50-50.
Barreto estranhou ainda que “um órgão que quase não reúne” “esteja agora bastante ativo”, questionando se a líder das Mulheres Socialistas “não estará a querer ser juíza em causa própria”.
“Em parte nenhuma, a lei da paridade determina que o cabeça de lista e o nº2 sejam um homem e uma mulher ou vice-versa, razão pela qual não faz nenhum sentido falar em violação de regras”, afirmou Barreto.
Joaquim Barreto avançou que Alexandre Maciel, vereador no mandato anterior, aceitou o convite para voltar a integrar uma lista à Câmara de Barcelos.
O executivo municipal conta com cinco eleitos do PS, quatro da coligação PSD/CDS e dois vereadores eleitos pelo movimento independente.