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Morreu em Vieira do Minho a 12ª vítima de violência doméstica em 2019. Portugal em luto nacional

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Tânia Rego / Agência Brasil

Uma mulher foi morta pelo marido na noite de quarta-feira em Vieira do Minho, distrito de Braga, com o suspeito a entregar-se às autoridades.

“Tratou-se de um homicídio de uma mulher num quadro de violência doméstica. O marido entregou-se às autoridades e está detido”, disse fonte da GNR. “A Polícia Judiciária foi chamada ao local e está a investigar a ocorrência”, acrescentou a fonte da GNR.

A vítima, Ana Paula Fidalgo, não apresentava “sinais de violência externa”, acredita-se que tenha sido estrangulada pelo marido, de acordo com o Diário de Notícias. O crime terá ocorrido por volta das 21h30 horas. O suspeito ainda se colocou em fuga depois do homicídio, mas passado pouco tempo deslocou-se ao posto da GNR de Braga “pelos seus próprios meios” para confessar o mesmo.

Albino Carneiro, presidente da associação de bombeiros de Vieira do Minho, disse ao DN que o casal já teria um historial de “desentendimentos”. A GNR, contudo, não tem nos seus registos qualquer histórico em relação ao casal em causa.

De acordo com o Diário do Minho, o casal e os dois filhos menores tinham regressado a Portugal há pouco mais de um ano, depois de terem estado emigrados em Londres. Encontravam-se a viver em Vieira do Minho, onde eram proprietários do restaurante “Refúgio do Gerês”. De acordo com o mesmo jornal, o crime estará relacionado com questões passionais.

Também esta quarta-feira, umas horas antes, a Polícia Judiciária deu conta que estava a investigar o caso de uma mulher morta com recurso a uma arma branca em Corroios, no concelho do Seixal. O caso ocorreu pelas 19h25 .

“Todos os indícios apontam para um homicídio, com recurso a uma arma branca, de uma mulher com 47 anos, em Corroios. A vítima foi encontrada na zona do hall, já no interior de um prédio”, disse à Lusa fonte do comando nacional da PSP.

O número de vítimas de violência doméstica volta, assim, a subir para 12 vítimas em 2019. Ao longo de todo o ano de 2018 morreram 28 mulheres vítimas de violência em contexto doméstico, segundo a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta).

Esta quinta-feira assinala-se o primeiro dia de luto nacional  pelas vítimas de violência doméstica. O dia de luto nacional serve, segundo Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, que fez a proposta ao Conselho de Ministros, para consciencializar sobre o problema e homenagear as vítimas.

Esta quinta-feira, após participar no debate quinzenal, na Assembleia da República, o primeiro-ministro estará a meio da tarde numa reunião de trabalho do Governo com a comissão técnica multidisciplinar para a melhoria da prevenção e combate à violência doméstica.

Depois, António Costa fará uma intervenção na cerimónia pública de assinatura de protocolos para o reforço dos gabinetes de atendimento a vítimas de violência de género.

Marcelo assinala luto em Angola

O Presidente da República assinalou em Luanda o luto nacional pelas vítimas da violência doméstica, reiterando que Portugal tem um problema de cultura cívica a enfrentar, que abrange sectores-chave, de acordo com o Público.

Na quarta-feira, em Luanda, onde iniciou uma visita de Estado a Angola, o chefe de Estado fez questão de assinalar este dia de luto, durante uma aula-debate na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, afirmando que “é uma chamada de atenção, é simbólico, mas a ideia é mobilizar as pessoas”.

“Portugal terá um dia de luto nacional precisamente como protesto pelo facto de, nos primeiros meses deste ano, termos assistido ao que aparenta ser, e espero que não seja, uma escalada em termos de violência doméstica, e concretamente de violência sobre mulheres”, referiu.

“A violência tem de ter um fim”

O primeiro-ministro afirma que a violência doméstica tem de ter um fim e salienta que o combate a este fenómeno é um desafio coletivo da sociedade e que a evocação das vítimas constitui um começo da ação.

Estas posições constam de duas mensagens publicadas, esta quinta-feira, por António Costa no Twitter, escreve o Jornal de Notícias.

Segundo o primeiro-ministro, “as grandes tragédias exigem-nos a partilha da dor coletiva pelo luto da nação”. “A violência doméstica é uma grande tragédia que assinalamos com o luto nacional, evocando na perda das vidas e no sofrimento das vítimas que não aceitamos viver numa sociedade que silencia e que ignora“, sustenta António Costa.

“A violência tem de ter um fim e este é um desafio coletivo de toda a sociedade e de cada um de nós. Evocar as vítimas é começar a agir“, conclui.

João Cravinho, ministro da Defesa, citou o tweet do primeiro-ministro para acrescentar que é um dia que serve para lembrar “dever coletivo de limpar a nossa sociedade do flagelo que é a violência doméstica”.

MC, ZAP //

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13 Comments

  1. Estamos a viver uma psicose coletiva ou quê? O crime de Vieira do Minho, não configura uma situação de violência doméstica, mas um crime de homicídio passional.

    • Tem toda a razão. Este (e outros do género) não configuram casos de violência doméstica… Mas é a imprensa que temos e que muito poucos questionam.
      Depois é claro que ela existe e é preciso combatê-la mas a montante.
      E vivemos um período de histerismo colectivo, provocado pela ignorância colectiva.

      • José, ainda bem que conhecia o casal assim tão bem para nós poder dizer que ela não sofria de violência doméstica.
        Qualquer pessoa normal, que tenha uma marido anormal que lhe bata devia mesmo procurar outra pessoa. Alguém que a saiba tratar bem.
        Tenho vergonha de haver no meu país, no século XXI pessoas como o senhor.
        Vergonha!

    • A expressão “violência doméstica”, não é certamente a mais adequada. Prefiro a expressão ” a violência do macho”, mas aceito o debate. Sr Sousa, diga-me quantos homens morreram em Portugal, desde o primeiro de Janeiro por crime de homicídio passional, cometido por mulheres ?

      • Aceita o debate mas está a fugir dele. O que está em causa é a expressão violência doméstica, agora, neste caso, se lhe quiser chamar violência do macho, está no seu direito. Se por acaso algum macho violento for rua e num ato tresloucado matar aleatoriamente uma mulher que passa só porque não gosta de a ver fumar, por exemplo, também será violência doméstica? É isso que está em causa, seja o homem ou a mulher a matar alguém, nas circunstâncias do crime que estamos a discutir, será sempre um crime passional de homicídio em 1º grau.

        • Quando eu disse que aceito o debate, referia a expressão “violência doméstica ” de modo algum quero debater sobre o barbarismo de certos homens para com as mulheres. O que aqui leio é inomável. O que é que querem justificar?

      • Por norma a mulher quando mata ou manda matar, não é passional mas por dinheiro, como o Tri-Atleta morto pela mulher e amante. (a desculpa é sempre algum tipo de opressão).
        E certamente existem muitos homens mortos em silencio por enfermeiras e auxiliares de saúde, é sabido que as vitimas das mulheres psicopatias (Que não são poucas) são as crianças , os inválidos, os doentes e os idosos.
        Quantas crianças/idosos/doentes morreram desde Janeiro por negligencia ou homicídio?

  2. A violência domestica é um flagelo que terá de ser combatido, mas não pelos meios utilizados até aqui…. Muitos pais não podem dar aquilo que não têm… infelizmente! Então seria melhor rever os programas escolares, e logo no ensino básico, começarem com tal sensibilização.
    Será esta a via para fazer diminuir tais índices de violência.
    Também a penalização deveria ser mais explicita, nomeadamente, deveria a mesma incluir trabalhos comunitários para cumprir… Talvez assim, se possa evoluir no bom sentido!

  3. “Ao longo de todo o ano de 2018 morreram 28 mulheres vítimas de violência em contexto doméstico, segundo a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta)”

    Ao lermos frases destas constata-se que cada vez mais, e com a ajuda de associações como a UMAR, se está a querer identificar violência doméstica com “mortes de mulheres pela mão de homens”, como se fossem um e o mesmo conceito. Ora todos sabemos que embora as vítimas de violência física entre casais, pelo menos estatísticamente, sejam maioritáriamente mulheres, a verdade é que:

    1. Os homens têm muito mais vergonha de se queixar que a mulher os agrediu. Quantas vezes numa discussão uma mulher não responde com um estalo sem ter sido agredida primeiro, só porque não gosta do que ouve? Mas vá lá um homem queixar-se disso que ainda se riem na cara dele.

    2. As estatísticas esquecem-se de que em geral são mais as mães a bater nos filhos do que os pais, e a matarem os filhos quando se suicidam. Mas as crianças não se queixam à polícia e pelos vistos isto já nem conta como violência doméstica.

    3. As mulheres sendo físicamente mais fracas que os homens, tornam-se mais sofisticadas noutras formas de violência como, tortura psicológica, destruição de reputação, boato e intriga, etc… Nada disto entra para as estatísticas até porque lá está… Homem que se queixa ainda é troçado.

    4. Casos como o assassínio de Luís Miguel Grilo por parte da mulher Rosa Grilo, pelos vistos nem são mensionados nestes números de 2018 apresentados pela UMAR. Lá está, a UMAR só acha preocupante quando morrem mulheres. Se houvesse uma associação só preocupada com as mortes de homens, ui!… Era já uma tragédia.

    Enfim, ninguém sonhe por um momento dizer que eu não reconheço que a maioria das vítimas mortais de violência doméstica são mulheres. Com certeza que sim e isso não se pode admitir. Mas mais uma razão para não ser preciso assobiar para o lado ou tentar omitir os casos em que os homens são vítimas, para tentar fazer de “violência doméstica” sinónimo de “violência de homens contra mulheres”.

    3.

    • Têm coragem para bater e matar, mas não têm coragem para denunciar?
      Só pode estar a brincar.
      Porque não dá o primeiro passo?
      Não tenha vergonha, Miguel. Afinal, a violência sobre os homens também tem que ser olhada doutra maneira.
      Vá à uma esquadra e apresente queixa, em vez de ficar feliz por haver mulheres a morrer à mão de monstros como o Miguel.

  4. Temos aqui alguns exemplos do que é a nossa sociedade. Espero que não tenham filhos, para não continuarem com a vossa atitude machista e misógina. E se tiverem filhas, bem aí já não digo nada.
    Nem lhes consigo desejar uma qualquer situação destas para ensinar aos pais uma lição.
    A ignorância desculpa muita coisa, mas não desculpa a maneira como tratam as vossas mulheres.
    Sim, porque segundo os comentários que li, está tudo bem. Bater na mulher é um direito vosso.
    Palermas.

  5. todos , quer dizer todos os que tem alguma cultura experiencia e conhecimentos sobre como funciona o espirito humano sabe que a maior publicidade e diretamente porporconal a um maior consumo…. e quando a publicidade e convidativa, mais os publicitarios ganham e as empresas faturam com os produtos que sao ,divulgados..
    ja foram proibidos comercias com bebes nus ou muito expostos por causa da pedofilia…. mas as mulheres ainda nao aprenderam nada com isso nem as feministas perceberam que quanto maior a violencia domestica das mulheres sobre os homens …mais reflexos negativos e desastrosos se evienciam.. todos sabem e aprenderam com a dialetica que nao se pode ter uma tese e uma antitese sem uma sintese. se “por os cornos” ao marido nao é violencia domestica e se a mulher e livre de fazer o que quer, do seu corpo e as fiministas acham que o homem e um ser dispensavel….expoem se ao contraditorio e neste caso ao tiro. ou a facada ou ao murro. lamenta se que o ser humano ainda nao seja capaz de controlar os sentimentos de abandono e repulsao , mas temos que ser praticos ; se o sociedade condenar da mesma forma a violencia pacifista da mulher com a violencia ativa do homem , provavelmente havera mais equilibrio e menos mortes de mulheres. a lei marxista e facilitista do divorcio, em que o elo mais fraco e o mais prejudicado permite nao so certos equivocos como uma dificuldade de um casal desavindo lidar com situaçoes de rotura. eu lamento que se comece a combater a violencia domestica com propaganda na televisao e nao se começe pelos tribunais de familia e pelo apoio educacional a familias destruturadas e com carencias varias. invistam mais em atendimento e apoio e menos em propaganda que so aumenta a tendencia para que a violencia alastre. ninguem tem o direito de tirar a vida a ninguem… mas que direito tem aqueles que fizeram do aborto uma lei geral do estado para criticar que se mate por ciumes ou por outra razao qualquer??

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